quinta-feira, dezembro 28, 2006

Final de Ano

Existem várias razões pelas quais não vou passar o final de ano em Cracóvia, a saber:
1- já passo cá dias suficientes;
2- se tivesse a nevar/houvesse neve provavelmente as montanhas seriam uma boa opção;
3- e mais importante, caso ficasse por Cracóvia, provavelmente experimentaria ir para a molhada da festa na praça central, juntamente com o povão. Só tinha era de ter cuidado com mais uma magnífica tradição polaca que ocorre na passagem de ano, e que consiste em garrafas que são atiradas ao ar, ao acaso, como gesto festivo. Bonito! Vá-se lá saber porquê, todos os anos há palermas que não são capazes de se desviar das garrafas, e depois ficam com doi-dois.
A todos os leitores, boa passagem de ano, que o próximo ano seja ....yada yada yada...bla bla bla....

quarta-feira, dezembro 27, 2006

As escolhas do professor IV

Depois de 600 páginas sobre história da Europa, o passo óbvio passou por procurar um livro exclusivamente dedicado à Polónia. A escolha recaiu sobre "Heart of Europe - the past in Poland's present" de Norman Davies. Em pouco mais de 400 páginas, o autor consegue abordar de forma interessante e não demasiado complicada (isto se não se tentar pronunciar todos os nomes que vão surgindo) mais de 800 anos de história polaca.
Este livro é a modos que uma versão compactada de uma outra obra mais completa deste autor (God's playground - 2 volumes) e é uma excelente base de partida para quem tiver curiosidade sobre a história de um país, que nos últimos duzentos anos é particularmente fascinante.
Como particularidade, refira-se que o autor narra os acontecimentos por ordem cronológica inversa (deve ter visto o filme Memento). Por exemplo, agora já consigo compreender um pouco melhor o conceito de Romantismo polaco, e é um pouco diferente do pre-conceito que tinha.
Para concluir, este é um livro de história fundamental, e quase de leitura obrigatória para quem queira saber um bocadinho sobre a Polónia, pois só olhando para trás, se pode perceber o presente e pensar no futuro.
Nota: sim, na parte final da última frase deste post está uma lapissade de primeira água. Mas nunca é demais enfatizar isto.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Adenda (tradições) Natal

No post anterior faltou referência à tradição/crença mais curiosa do Natal polaco. Acredita-se que na noite de 24 para 25 os animais falam entre si usando vozes humanas.
Ora face a isto, várias questões me ocorrem. Quando começou esta crença? Será que foi inspirada nas fábulas de Esopo ou no bem mais tardio La Fontaine? E se sim, será que algum destes senhores afinal era polaco? E se nos outros países os animais não falam, isso estará relacionado com um sistema educativo diferente? Desconheço.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Natal

Nesta altura, e uma vez que vou até meu país, minha terra, minhas gentes, meu Portugal passar uns dias, apenas aqui vão os votos de: "Wesołych Świąt i Szczęśliwego Nowego Roku".
Vou-me escusar a traduzir isto, porque não só é tão fácil de dizer como parece, como toda a gente percebe o que quer dizer.
Já agora, tradições de Natal por aqui: pôr doze pratos à mesa, comer peixe (por exemplo carpa), quem dá os presentes é o anjo ou a estrelinha, e fazem a festa de familia na noite de 24 para 25. Os dias 25 e 26 (que também é feriado!) servem como o prolongamento da festa. E quase que me esquecia, nesta noite recebem prendas, mesmo já tendo recebido prendas no dia 6 de Dezembro. Recebem portanto a dobrar. Lampeiros!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Comezaina tuga em cracóvia

Por obra do acaso, lá foi possível descobrir um restaurante em Cracóvia que serve comida portuguesa. Frango no churrasco, bacalhau, sardinhas, sopa de caldo verde são alguns dos teasers deste restaurante, Piri-Piri de seu nome.
Ainda não fui lá, mas estou apenas a 24h de ir ver a interpretação polaca da gastronomia portuguesa. Sim, porque não me parece que o dono do restaurante seja o shor Manel, emigrante na Polónia vindo do Mogadouro. Desde já uma coisa é garantida: peixe fresco de mar é mentira. Mas também, dêem-me um frangozinho no churrasco picantezinho, e já fico bastante contente.
Depois de encontrar garrafeiras que vendem vinhos portugueses (a preços um tudo nada inflacionados), um restaurante português, só falta achar por aqui um Café Central que tenha ao fim de semana o Correio da Manhã para ler. Quem é ou foi emigrante sabe a importância destas coisas aparentemente tão popularuchas e provincianas.


terça-feira, dezembro 12, 2006

Espertalhona

Se Portugal tem como ilustres que receberam o Prémio Nobel um médico consagrado no estudo da lobotomia, e um escriba de inanidades sem respeitar regras básicas de pontuação, a Polónia está um pouco mais além. Por exemplo, a dona Marie Curie, ou Maria Skłodowska nasceu neste país. E segundo tive oportunidade de relembrar, a senhora era bastante esperta, tendo inclusive sido a primeira pessoa a receber dois Prémios Nobel em áreas diferentes (Física e Química). Mais, há um elemento pertencente à tabela periódica cujo nome em português é Polónio, e que foi dado pela Mariazinha em homenagem às suas origens. Agora também é verdade que se tivesse permanecido numa Polónia ocupada pelos russos em vez de bazar para França para estudar, dificilmente ganharia um Prémio Nobel, quanto mais dois.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Viagens na terra de outros - Katowice

A cerca de uns 100km de Cracóvia de comboio ou auto-estrada (paga a preços de Portugal e em obras, mas uma das poucas na Polónia) está a cidade de Katowice. De origem bastante recente e ainda com um forte cariz industrial, alberga (mais polaco menos polaco) umas 320.000 pessoas. Fora dos destinos turísticos mais óbvios, além dos estudantes erasmus, é mais dificil ver estrangeirada por estas bandas. E isso é positivo, pois permite-nos aperceber como é uma cidade polaca "normal". Com um centro da cidade razoavelmente bem cuidado mas em obras, uma estação de comboios medonha, e uma praça central horripilante pela má convivência entre prédios do início do século XX e coisas dos anos 80 com lojas (à la Martim Moniz), visualmente parece pouco apelativa no primeiro contacto. Mas vale a pena insistir.

Em Katowice existe um parque da dimensão do Monsanto (ou maior) feito na segunda metade do século XX. Devo dizer que se não fosse pelas vistas que o Monsanto tem sobre Lisboa, diria que este parque mete o nosso no sapato. Zoo, parque de diversões, estádio de futebol, planetário, lagos, floresta, teleféricos, it got it all. Mesmo no Outono quando lá fui, e com um frio do camandro gostei. Em seu redor, a vista que marca a cidade, torres de uns 20 andares. Aliás, abundam pela cidade prédios impessoais de dimensões generosas. Todavia, há espaços verdes entre os mesmos (autarcas de Santo António dos Cavaleiros, Rio de Mouro, Odivelas aprendam).
Como já referi, e para não variar, também por aqui anda tudo em obras, culpa dos fundos europeus que é necessário estoirar...quer dizer, investir. Mais info em http://www.um.katowice.pl/en/


domingo, dezembro 10, 2006

Nem na Polónia tenho sossego no Natal

Serve o presente post somente para informar que à semelhança de Portugal, também na Polónia durante a época natalícia os centros comerciais são poluídos com músicas do George Michael. É que não há pachorra para isto, quer em Portugal, na Polónia ou em Júpiter. Coro infantil de Santo Amaro de Oeiras, por favor apostem na vossa internacionalização, e quem sabe comecem logo pela Polónia.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Cinema na Polónia

Já referi aqui a dificuldade que eu tenho em ver televisão polaca, e por isso mesmo uma das possiveis soluções podia passar por ir ao cinema. E as coisas no cinema melhoram significativamente, pois os filmes têm legendas em polaco, mas mantêm o som original.
Agora por vezes torna-se complicado saber qual o filme que vou ver por duas razões: primeiro não percebo a tradução do título e segundo nem sempre reconheço os nomes dos actores (ver foto).

terça-feira, novembro 28, 2006

Teimosia polaca vem de longe

Ao longo da minha vivência na Polónia, há algo que sinto ser um traço característico na personalidade destas gentes. A teimosia. Não me apetece concretizar o porquê desta minha ideia, mas pensando bem isso nem é muito surpreendente tendo em conta os seus antepassados.
Por exemplo, só um gajo bem teimoso é que se lembrava de no início do século XVI mandar o bitaite em forma de modelo de que é a Terra que afinal gira em torno do Sol. Pois é, o Mikolaj Kopernik (Copérnico) era polaco. Nos tempos livres lá conseguiu pôr em causa o modelo geocêntrico que a Igreja Católica tanto defendia. E sortudo como foi, na sua altura a Igreja Católica nem lhe chateou muito o juízo sobre estas ideias. Quem se lixou à grande umas dezenas de anos depois em torno destes assuntos foi o Galileu.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Velharias nas estradas polacas

Prova do nível de desenvolvimento desta terra, é o facto de se verem por aqui veículos com esta idade.




E ainda bem.

domingo, novembro 26, 2006

Pôr do sol de um dia de novembro magnífico

26.11.2006 às 15.30h em Cracóvia, quase no lusco-fusco

sexta-feira, novembro 24, 2006

Wódka

A primeira foto dispensa comentários.















Na segunda, a entrada de um bar com um ar pacato e acolhedor, mas que de noite faz juz ao seu nome. Com uma vasta selecção de wódkas e como está quase colado à praça central, é um must visit place.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Solanum tuberosum

Europa Central, Polónia, agricultura, trigo, pão, vaca, bife, bife com batatas fritas. Mas para elaborado prato são necessários ingredientes da melhor qualidade, mas que até agora ainda não consegui encontrar. E o elo mais fraco reside inesperadamente na batata. Sim, não é nada fácil encontrar tubérculos de qualidade aqui por estas bandas. E eu permito-me tentar avançar com uma explicação mais detalhada das causas sociológicas (mais do que as agrícolas) que poderão originar a fraca qualidade da batata polaca. Sendo curto e grosso, o problema é a falta de paciência do agricultor polaco.
Concretizando as acusações, aqui vai: existem à venda na maioria dos supermercados batatas bastante pueris, que tudo bem que até dão jeito para fazer um assado no forno, mas não deixa de ser chocante o calibre diminuto que estas apresentam. Pior, as poucas batatas de tamanho minimamente decente para cortar em tiras apresentam imperfeições, resaltos, e podridão perfeitamente ultrajantes para os padrões de um ribatejano habituado a comer batata de qualidade. Isto para nem falar das que estão verdes e de toda a sujidade que ainda têm pois não foram devidamente lavadas.
Em suma, quem julgue que vem até à Polónia comer boa batata, ficará decerto desapontado, pois esta é uma batata ainda bastante naif, que recusa ser produzida de acordo com as mais recentes directivas da FAO, e que neste acto de rebeldia não merece mais do que nota 5 (numa escala de 0-20).
Assim, está bom de ver que não há condições para fazer um bom do bife com batatas fritas, ou mesmo, o saudoso bitoque.

terça-feira, novembro 21, 2006

As escolhas do professor III

Pessoalmente acho que é mais engraçado viajar sem nenhum guia de viagem, e descobrir por nós próprios. Mas também é verdade que um dos bons pode ajudar a poupar algum tempo e dinheiro. Antes de vir para a Polónia já tinha um guia de toda a Europa da colecção Rough Guides, e como em equipa vencedora não se mexe, lá comprei da mesma editora o livro referente só à Polónia.
Como pontos fortes aponto a importância dada ao vocabulário polaco básico, e as explicações mais detalhadas sobre figuras/acontecimentos históricos/locais importantes. Regra geral as sugestões para restaurantes/bares batem certo (em termos de qualidade e custos). Mas também já me aconteceu ir à procura de um restaurante, estar na morada certa, mas o restaurante (já?) não existe. Em relação a discotecas é preciso mais atenção, pois são locais que mais rapidamente passam de moda. O ponto sempre importante da dormida também é abrangente, incluindo o belo do hostel com dormitórios (não badolhocos), até ao 4/5 estrelas com mística num qualquer centro histórico.
Outras opções de guias para a Polónia são o da Lonely Planet (não tão bom), Michelin Green Guide (boa opção) e para os não back-packers e que gostem de ver fotografias antes de chegar aos locais que vão ver há o da American Express. Ou então não comprem nenhum, e vão perguntando pelas coisas nos postos de turismo.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Viagens na terra de outros - Wrocław



A uns 300 e picos km (pelo menos 4h de comboio) a noroeste de Cracóvia fica a cidade de Wrocław (foneticamente soa a Wrótsuaf, mais ou menos). Até ao final da II Guerra Mundial o seu nome era Breslau e fazia parte da Alemanha, mas fruto das trocas e baldrocas do retalhamento da Alemanha no pós-Guerra, passou a ser território polaco. Com mais de 500.000 habitantes é uma cidade em que se nota um maior dinamismo empresarial e que é um pouco menos interessante em termos turísticos que Cracóvia, estando todavia no top 5 das cidades mais importantes do país.
Nos guias turísticos é referenciada como a Veneza da Polónia (e quase que jurava que num que eu li, surgia como a Aveiro da Polónia), por causa de alguns canais que atravessam o centro da cidade. Já estive em Veneza e não é bem a mesma coisa. Faltam japoneses.
Como foi afectada/bombardeada/destruida parcialmente na última guerra, por exemplo os edifícios da bela praça central não são os originais, mas sim reconstruções. Perdeu-se um pouco da história, ganhou-se em beleza e em cor. E para não fugir à paisagem habitual das cidades polacas, anda em profundas obras (centro histórico inclusive), para aproveitar à última da hora os subsídios da UE.
Só estive nesta cidade meio dia e noite, pelo que tenho de lá voltar, pois julgo que para a conhecer e aos arrabaldes bem, sejam necessários pelo menos uns 3 dias. Mais info em http://www.wroclaw-life.com/.

domingo, novembro 19, 2006

Calçado português na Polónia e em força

Esta é uma montra de uma loja sita na rua (Florianska) mai bonita e comercial de Cracóvia, que pelos vistos se especializou em calçado feito em Portugal. Porreiro pensarão as mentes mais imediatistas. As exportações portuguesas aumentam, mesmo num país um pouco distante como a Polónia o nosso calçado revela que tem qualidade, e que os nossos empresários conseguem adaptar a sua produção de acordo com as preferências dos consumidores polacos. Ora bem, é exactamente neste último ponto que reside o busílis (alguns erroneamente dizem ex-líbris) da questão. Andam-se a fazer em Portugal sapatos que em jargão do sector do calçado, são apelidados de feios. É que se já é um facto consumado que a moda da sabrina (que na Polónia é rainha) também já apanhou as mulheres portuguesas, espero que os tugas não usem sapatos dos polacóides. Nós não estamos na vanguarda do estilo, mas eu mais facilmente andava com sapatilhas Sanjo.

sábado, novembro 18, 2006

Sinalização vertical de trânsito polaca

Quando vi este sinal pela primeira vez, vários pensamentos desfilaram na minha mente. A saber:
1- Como é que um homem deste tamanho caberia dentro deste carro?
2- Os peões neste local andam a correr à frente dos automóveis?
3- Porque é que o boneco parece estar a cair se ninguém/nada lhe tocou? Será o João Pinto?
4- O que raio quer dizer Wypadki?

Toda esta preocupação da minha parte revelou-se bastante precipitada, pois uns metros mais à frente, e após ver este semáforo, fiquei perfeitamente descansado relativamente à capacidade dos polacos entenderem os sinais de trânsito.



sexta-feira, novembro 17, 2006

Sons daqui

Para que não fique a ideia no ar de que na Polónia só existe música tradicional, achei que devia também falar sobre outros estilos musicais.

Antes de mais, e talvez nem todas as pessoas saibam, o Chopin nasceu na Polónia e tinha o nome de Fryderyk Franciszek Chopin. Já naquela altura o mundo da música (a clássica então nem se fala) era um mundo cão, pelo que para singrar e aproveitando a sua mudança para Paris, por sugestão dos marketeers da sua editora, mudou os nomes próprios para Frédéric François. Diz-se que ele foi um bom compositor. Não tenho conhecimentos para avaliar, mas tem uns ritmos engraçados.

Mas, mudando para algo mais actual, verifico que o Jazz tem bastante saida por estas bandas, e apesar de já ter ido a concertos que se revelaram uma estopada daquelas que até deu para dormir, também já houve dos bons (e isto por amadores). No campo dos artistas profissionais, e segundo fontes polacas, Leszek Możdżer é um bom exemplo do bom nível actual do jazz polaco.

Para quem goste de algo mais a mandar para o Pop, existe por exemplo uma cantora que alia um 2º lugar no disputadíssimo concurso da Eurovisão de 1994 (quem não se lembra disso), com 3 capas da revista Playboy. O seu nome é Edyta Gorniak.

Outros nomes para procurar no Youtube ou noutros sítios que tais: Sojka , Raz Dwa Trzy e Maria Jopek.
Ps: se não perceberem nada da língua, não se assustem muito.

domingo, novembro 12, 2006

Polka not Polska

- Chewbacca é um Wookie com 2m de altura, e no entanto vive no planeta Endor juntamente com uns anões dos Ewoks.
- António Guterres foi dos mais indecisos e incompetentes governantes portugueses, e posteriormente foi nomeado para Alto Comissário das Nacões Unidas para os Refugiados.
- Existe uma dança chamada Polka, mas que na verdade é originária da República Checa.
Será que isto faz sentido? Claro que não, nada disto faz sentido!
Bem, nem tudo. Em relação às duas primeiras situações não encontro explicação, mas em relação à Polka, este nome foi atribuido como forma de homenagem dos checos aos polacos aquando de uma rebelião contra a Rússia em 1830.
A título de curiosidade, uma das danças típicas da Polónia chama-se sim Polonez.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Afinal estou a viver na Galicia

Pois é. Devo andar ao engano. Pensei que vinha viver para a Polónia, e afinal descobri que o sítio onde vivo pertence a uma região que anteriormente se chamava Galicia. Como em Portugal sou considerado mouro,será que agora passo a ser galego? Bom, acho que não, porque de facto esta região já não existe.
Como se pode observar pelo mapa abaixo, esta região que existiu até ao final da II Guerra Mundial era constituída por territórios que actualmente pertencem à Polónia e à Ucrânia, remontando a sua génese a finais do século XVIII aquando da ocupação austríaca.
Agora porque é que os malandros dos aústrios deram este nome é que não faço ideia. E muito sinceramente, uma vez que não é possível ninguém me poder chamar de facto galego, nem estou muito preocupado em saber.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Viagens na terra de outros - Cracóvia a Varsóvia

Quem faça a viagem de comboio entre Cracóvia e Varsóvia, terá a oportunidade de ver duas cidades pelo caminho. Estas cidades coincidem com o ponto de partida e o ponto de chegada. Nos 300 km que separam as duas cidades, as únicas paisagens que se vislumbram pela janela são quintas, quintas e mais quintas. Cidades, népia. Indústria, nicles. Montanhas, neribi.
Como é característica da Polónia, estas quintas são de pequena/média dimensão (menos de 50 hectares), totalizando mais de 2 milhões de propriedades. Talvez por isso, actualmente este sector ainda emprega 25% da população activa (para quem não sabe, face a países desenvolvidos, é um valor quase absurdo), contribuindo com pouco mais de 3% para o PIB. É pois o reflexo de uma agricultura pouco eficiente e pouco orientada para o mercado, e que constitui um desafio para a Política Agrícola Comum da UE conseguir ajudar (ou não) à sua re-estruturação.
De entre os produtos mais populares existe a bela da batata, o bom do milho e não podemos esquecer a vacaria no lado da pecuária.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Cuidadinho a andar a pé

Que as linhas longitudinais contínuas mereciam igual respeito por parte dos condutores polacos, do que eu dou às palavras do Mário Soares já eu sabia. Que existem sinais de trânsito que indicam que o carro deve ser estacionado metade na estrada, metade em cima do passeio (assim a modos que de ladecos), também já me habituei. Mais, que as passadeiras não passam muitas vezes de manifestações artísticas por parte dos cantoneiros polacos custou um pouco a compreender, mas já tomo os cuidados devidos para atravessar a rua.
Agora o que é inadmissível é que tenha sido alvo de uma tentativa de atropelamento (consumada para a outra pessoa que estava comigo na altura) por parte de um condutor enquanto eu estava no passeio, e aquele troglodita sobe o passeio todo à minha frente, e muito descontraidamente começa a fazer marcha-atrás como se eu fosse ali uma entidade sobrenatural, logo sem existência física (e se calhar jurídica). Sei que não se devem fazer generalizações, mas parece que a Farinha Amparo também anda a distribuir cartas de condução neste país. E ao contrário de Portugal, não é só a mulheres.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Viagens na terra de outros - Varsóvia

Mesmo antes de chegar à Polónia, a imagem que polacos me venderam de Varsóvia foi tão má que só faltou dizer que ainda havia a peste negra. Crédulo, e sem um guia de viagem, cheguei vindo de Vilnius de autocarro e o que vi de Varsóvia foi o trajecto entre uma estação de autocarros decrépita e a estação central de comboios. E como estava com tanta pressa para apanhar o comboio para Cracóvia, consegui a proeza de estar em Varsóvia e nem sequer vislumbrar o Palácio da Cultura e da Ciência (fica AO LADO da estação).

Já este ano, trabalhando na Polónia, as opiniões que ouvi de polacos e estrangeiros em Cracóvia sobre Varsóvia não foram as melhores. Mesmo assim, naturalmente foi uma das primeiras cidades que visitei e devo dizer que gostei.

Como é sabido, a cidade foi praticamente arrasada no final da 2ª Guerra Mundial após o triste desfecho do Levantamento de Varsóvia de 1944. Como se isso não bastasse, foi sobre as directivas soviéticas que a sua reconstrução ocorreu. O resultado são ruas e avenidas bem largas, prédios cinzentos de linhas direitas, e generosos espaços verdes, à mistura com alguns belos palácios barrocos reconstruídos. Bonito, dentro do estilo.

Quem chegar a Varsóvia de comboio, à saida da estação vê logo o melhor da cidade: o Palácio da Cultura e da Ciência ("oferta" da União Soviética), que goste-se ou não da arquitectura, é um edifício imponente em qualquer local do mundo, e cujo contraste com os edificios modernos de 30 andares que o querem cercar, ainda o torna mais interessante. Mas isto é como começar uma refeição pela sobremesa, ou seja, pelo melhor. Tudo o resto irá saber a pouco, mas ainda assim é fundamental visitar o centro histórico (reconstruido) e também os belíssimos parques no centro da cidade. Se esperam ver algo do que era o Gueto de Varsóvia, é bom que tirem isso da ideia, uma vez que esta zona é na verdade uma das mais modernas, com hóteis e escritórios em abundância.

Sendo uma cidade com dois milhões de habitantes, um estilo de vida que me lembra bastante Lisboa, julgo padecer também de um problema de desertificação do centro histórico, pois cerca das 23h num dia de Verão excelente, foi fácil encontrar-me sozinho nas ruas. Desilusão completa é o desprezo a que o rio que banha a cidade está vetado. É pena.

Em suma, não é a primeira cidade que recomendo visitar na Polónia, mas provavelmente será a segunda. Porque é a capital, porque é uma cidade praticamente nova, e para que nos possamos aperceber do dinamismo económico deste país (vísivel nos automóveis, nos edifícios de escritórios, nos hóteis, etc). Varsóvia não me parece muito menos desenvolvida que Lisboa. Talvez mesmo nalguns campos, antes pelo contrário.

domingo, outubro 29, 2006

Lisboa vs Cracóvia by night

Se comparar uma saída à noite em Lisboa com o mesmo em Cracóvia, facilmente chego à objectiva conclusão que prefiro bem mais sair em Cracóvia, e que sair em Lisboa dá uma trabalheira dos diabos.

Lisboa:
20.00: Saída de casa e caminhada de 3 min até ao carro estacionado;
20.03: Carro bloqueado por um marmelo que estacionou em 2ª fila. Buzinadelas até o desrespeitoso proprietário chegar. 1ºs impropérios da noite já foram proferidos;
20.05: Início da viagem até ao sítio onde se irá jantar;
20.15: Estrada em obras e desvio forçado da rota traçada;
20.25: Chegada às proximidades do sítio do jantar e busca por um lugar de estacionamento livre e não pago;
20.35: Resposta a telefonema de amigo pedindo desculpa pelo atraso devido a ainda andar à procura de lugar para estacionar;
20.40: Desistência de procurar espaço grátis, e estacionamento em parque subterrâneo de centro comercial;
20.45: Chegada ao local combinado para jantar, com 15 min de atraso;
23.00: Fim do jantar. Ida para tomar café num sítio perto. O carro continua no parque;
0.30: Após fim do café, regresso ao carro. Custo do parque: € 3.60. Um roubo. Rajada de palavrões;
0.50: Perto do Bairro Alto inicia-se mais uma busca por um lugar de estacionamento livre (e desta vez não quero dar mais dinheiro a chulos);
1: Local a cerca de 10 min a pé mas com uma subida dolorosa pela frente, encontra-se livre. Após fechar a porta deparo-me com um delinquente que me diz algo do género: “oh, não me orientas aí uns trocos”. Impulsos violentos e comentários à la CDS-PP são reprimidos. Lá dou 40 cêntimos. Espero que seja do agrado dele e que não me lixe nada no carro;
1.10: Chegada às ruas estreitas do Bairro Alto, impestadas de freaks, estudantes simpatizantes de esquerda caviar, betos da Linha e de Campo de Ourique, chungaria da Amadora, mariconços, estrangeirada, etc e tal. Locais simultaneamente sossegados, agradáveis, com boa música e sem névoa: Zero, neribi, nicles. O único sítio que realmente consigo gostar de estar é o BedROOM;
3.00: Após estar duas horas em pé nas ruas do bairro, a fumar erva à borla, a levar com duas jolas em cima, e com o simpático número de 467 pessoas que abriram caminho, roçando-se em mim, decido que é hora de ir para casa;
3.10: Chegada ao carro;
3:20: Chegada à minha rua;
3:50: Estacionamento do carro, numa rua a 7min de minha casa, porque não havia uma porcaria de lugar mais perto às 4 da matina para estacionar no meio de Lisboa;

Cracóvia:

20.00: Saída de casa a pé para ir jantar;
20.10: Chegada a restaurante bom, barato e com uma decoração bem conseguida;
22.00: Após escolher sítio para ir tomar café, curta caminhada de 5minutos até sítios bem giros como o Loch Camelot;
22.45 até 1.00: Deambulação por alguns bares (dentro de uma lista de 300) onde é SEMPRE possível arranjar um lugar sentado, no máximo a 15minutos de distância a pé, com final (opcional) em discoteca;
1.10: Chegada a casa.

Não entrando sequer em comparações acerca da qualidade dos locais (fica para próxima oportunidade), se ficar só pela conveniência, Cracóvia dá baile a Lisboa.

Nota: Toda esta comparação não é justa, uma vez que devia comparar Lisboa com a capital Varsóvia. E em Varsóvia, para sair à noite, o carro também é quase indispensável se quisermos aproveitar ao máximo.

segunda-feira, outubro 23, 2006

As escolhas do professor II

Antes de começar a ler algo mais concreto sobre a história da Polónia, achei que era necessário um enquadramento geral deste terra no contexto histórico europeu. Tal como li em relação a Portugal um livro que compactou a nossa história em 700 maçadoras e mal escritas páginas (não vou fazer publicidade negativa em relação ao mesmo), comprei um livro que em 600 páginas abarca a história de TODA a EUROPA desde os tempos da Grécia antiga até aos nossos dias.
O detalhe não é grande nem pequeno (não existe) e salta de assuntos vertiginosamente. Mas para almas ignorantes como a minha, deu para ficar com uma ideia do que se passou para lá de Badajoz nos dois últimos milénios.
O livro chama-se "The Penguim History of Europe", não é uma obra-prima, mas cumpre o objectivo a que propõe: sumarizar momentos importantíssimos da história em uma ou, loucura das loucuras, duas páginas. Não sei se há a versão em português, mas duvido. Livro útil e razoável base de partida para leituras mais a sério.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Começou hoje oficialmente a...

...época das temperaturas negativas na minha terceira cidade (Cracóvia). Máxima de 11 e mínima de -3º C. O que vale é que isto só dura até Abril, e outra das coisas boas é que vou estar sempre a bater recordes de temperaturas mínimas suportadas. Esta será a minha primeira experiência a viver num país onde de facto faz frio como o ca..mandro, mas pela roupa que muitas pessoas já usam nas ruas não sou nem pouco mais ou menos o mais friorento. Brrr!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Polska-Portugalia, o rescaldo


Custos: Bilhete: 60pln. Transporte: 40 pln. Menu McNuggets: 11,50 pln. 235km percorridos. 3,45horas desperdiçadas na viagem. E para quê? Para ver Portugal escapar miraculosamente a uma cabazada que a Polónia, se tivesse tido sorte, daria sem problemas. Visto por este prisma, agora poderia discorrer aqui sobre a enorme falta de respeito que os jogadores portugueses demonstraram pelos emigrantes, ou questionar se eles vieram à Polónia para jogar futebol ou para mirar loiraças. Era muito fácil...não vou por aí.
Houve outras coisas bem mais positivas como por exemplo ir ver o jogo com colegas de trabalho polacos, que ao início estavam pouco confiantes no resultado, mas que na minha modesta opinião, devem ter assistido ao vivo ao melhor jogo de futebol da vida deles. E Portugal foi o bombo da festa.
O estádio por seu lado tinha o mesmo nível de conforto austero do Estádio do Jamor, mas com os 40.000 espectadores bem animados e barulhentos, o ambiente foi engraçado. Aliás, aquilo quase parecia o Estádio da Luz. As cores da Polónia são vermelho e branco, têm uma águia como símbolo, a "melodia" de fundo de alguns dos cânticos é igualzinha às portuguesas. Enfim, só faltava mesmo o garrafãozinho de tintol.
Já agora, em relação aos cânticos, o que se ouvia mais era: "Braaaannnco e Veeerrrrmelhoooooooo (pausa) Branco e Vermelho, Branco e Vermelho, Branco e Vermelho" ou "Somos os primeiros" ou também "Nós agradecemos", intercalado com, julgo eu, o hino cantado umas quatro vezes. Tivemos ainda direito a fazer umas Olas, e em que numa das vezes deu quatro voltas ao estádio, já com Portugal a levar duas batatinhas. E eu, para evitar chatices, lá tive de me levantar e fazer de conta que estava muito contente com aquilo.
Para finalizar, confesso que antes do jogo estava algo apreensivo em relação à reacção dos adeptos polacos ao verem um grupo de portugueses (deviamos ser uns 100 espalhados pelo estádio), eu levava a camisola do Figo bem visivel por cima de uma sweat-shirt, e não só não levei nenhuma boca foleira, como todos se mostraram muito amistosos connosco (antes, durante e após o jogo), tendo nós ainda sido alvo de assédio papparaziano. Ainda me lembro quando fui ao estádio de alvalade e só porque levava um blusão vermelho, ouvi palavras menos bonitas em relação à minha masculinidade. Nota para o público polaco, 20 valores (desde que seja com a selecção). Porque em jogos entre clubes, o ambiente pode ser de cortar à faca.
Em suma, um bom jogo da Polónia, a equipa adversária recusou-se a jogar futebol, e um público entusiasmadíssimo. Mas bolas, o futebol é algo mesmo cruel. Perder com a Polónia, minha nossa, algo dolorosamente surpreendente.

segunda-feira, outubro 09, 2006

3ª coisa mais importante na vida a seguir a..

..beber e comer, é como não podia deixar de ser o falar ao telemóvel. Pelo menos era assim que funcionava quando deixei as belas praias lusitanas. As coisas aqui pelo centro da Europa não são tão extremas. Não que qualquer chavalo não deixe de ter o seu telemóvel, mas pelo menos aqui as pessoas são capazes de ir almoçar sem levar o telemóvel (situação parcialmente explicada pelo almoço demorar menos de 20min) e ao escrever sms em vez de abreviarem as palavras ainda as aumentam (por exemplo, sms passa a ser smsa!!). Isto não é viver, é sobreviver.
Tendo à disposição três operadoras de telemóvel (Era, Orange e Plus), resolvi inventar e escolhi a pior. A saber, Plus. Ou pelo menos é a que tem menor quota. Porquê? Porque foi a que vi com telemóvel com preço mais barato. 179 zlotys por um Sony-Ericson que me oferece o mesmo nível de status de um pastor do concelho do Mogadouro, sem contrato de fidelização e cartões recarregáveis de chamadas foi a minha desgraçada escolha, cujo fardo da ostracização carrego agora.
Prova do atraso de Portugal e da ronha da Anacom é a facturação ao segundo desde o primeiro minuto que existe na Polónia, e não em Portugal. Assim, uma chamada do género: "Atão Pawel, onde tás?....No bar da empregada jeitosa ruiva?Ok, vou ai ter. Até já" fica mais barato que um sms. Para carregar as chamadas, compra-se um cartão em quiosques/supermercados, raspa-se um código, escreve-se isso e zás, está carregado.
Mas francamente, como conseguem viver estas gentes sem pelo menos 2 telemóveis. É que nós não conseguimos.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Waiting for the winter

Huguinho, Zézinho e Luisinho com a crew em Cracóvia

domingo, outubro 01, 2006

Momento Eduardo Cintra Torres

Não tendo eu o nível de conhecimento do Edu acerca do mundo audiovisual, não posso apagar o meu passado como espectador televisivo (por exemplo, treze horas seguidas a ver televisão no já longínquo ano de 1989, em que no meio papei Natal dos Hospitais do princípio ao fim). Apesar deste vício da televisão ter sido mitigado, mesmo na Polónia não deixo de ver a televisão, com os 6 canais (um mais de notícias, outro desporto e os restantes generalistas) de acesso público.
Comparando com Portugal, noto que no prime time existe mais oferta de programas de debate político, ao invés de novelas. Tirando isto, a grelha televisa não é muito diferente da portuguesa. Existem até programas iguais (Pegar ou Largar, p.ex). Mas o meu programa favorito é uma chachada de concurso que dá lá para a meia noite, e que consiste em telefonemas de telespectadores para consoante as pistas dadas pelas apresentadoras, adivinharem umas palavras e assim ganhar umas milenas de zlotis. Qual a piada disto? As apresentadoras, claro está, que além de serem bem parecidas, estão em bikini a falar pela televisão com pessoas ao telefone (nada mais natural).
É pena é não conseguir ver filmes aqui. Não porque eles não passem, mas pela forma como são (mal)tratados pela televisão polaca. Legendas, nah. Dobragem de vozes, nah. O que fazem então? Têm um zé-maria-pincel que por acaso até tem uma boa voz, a fazer TODAS, repito, TODAS as vozes num filme com um tom que não ultrapassa o monocórdico. Pior, muitas das vezes ainda é possível ouvir o som original ao mesmo tempo, por baixo da narrativa. Quando me contaram isto, não quis acreditar, mas é verídico. Só visto e ouvisto. Se não fosse um info-excluído, tentava arranjar um som para pôr no blog. Nem quero imaginar como seria isto em Portugal! Provavelmente num filme da Monica Bellucci tinha o Eládio Clímaco a fazer a voz dela numa cena mais tórrida.Tava o filme estragado, ah pois estava.
Os defensores deste sistema argumentam que é algo que os polacos já estão habituados, e que é útil para as pessoas mais velhas verem televisão. Até pode ser que sim, mas devia haver filmes limpos deste vandalismo. O que é que interessa a um idoso polaco ver por exemplo Sex And the City? Aliás, nem devia ver isso, que ainda lhe dá uma taquicárdia.

sábado, setembro 30, 2006

Polska-Portugalia

Polska-Portugalia, Chorzow 11 października 2006r. o godzinie 20.30.
Já está comprado o bilhete, lugar razoável, companhia tuga e polaca. É só esperar que a Polónia não se arme aos cucos e mantenha o seu nível futebolístico para eu ficar contente.

sexta-feira, setembro 29, 2006

E eu estou aqui

Como é sabido, o Millennium BCP está presente na Polónia, chamando-se aqui Millennium Bank. Portanto, uma pessoa vai muito bem descansadinho na rua, e de repente, zás, leva com aquele cor de rosinha na retina. Como tinha de escolher um banco para colocar as minhas zlotianas poupanças, assim como assim, mais vale um banco de origem portuguesa.
Tempo de abertura de conta: 10min. Documentos necessários: passaporte. Tempo para ter cartão multibanco: 5 dias. Horário do banco: 9 às 18h, estando alguns abertos também ao sábado. Estranho, parece que é possível os bancos terem um horário decente, e que de facto se ajuste aos horários dos clientes. Pena que em Portugal isto não se aplique.
Só existe um pequeno grande senão à primeira vista no sistema bancário polaco. A não existência de uma entidade como a SIBS, faz com que haja vários tipos de caixas ATM. E claro está, de cada vez que levantar guito numa que não pertença ao grupo do Millennium, tenho de esburgar com uma taxazinha (1 zloty). É psicologicamente chato.

No supermercado

Com grande pena minha, não existe um supermercado da Biedronka no centro de Cracóvia. Assim sendo, tenho de fazer as compras em sítios com nomes como Lewiatan (pequenas compras), Kaufland ou Intermarché (que na Polónia se chama Intermarchego).
As diferenças que mais noto são a existência de zonas específicas para a venda de bebidas alcoólicas dentro dos supermercados maiores (pagam-se as bebidas separadamente e depois continuamos com as compras) e uma dificuldade em encontrar bifes de vaca na maioria dos supermercados. Para as florzinhas que gostam de comer peixe, é bastante dificil encontrar algo fresco (truta, salmão e com muita sorte, dourada é o que há). Mar a 600km dá nisto.
Como curiosidades aponto os pacotes de sumo de 2litros (em que 1 é inteiramente grátis), iogurtes de meio kilo, e peixe em frascos (dificil de descrever, e que ainda não provei). Excluindo isto, a língua polaca e a inexistência de pessoas brasileiras a atender-nos, podia estar num supermercado nacional. Bem, mas mesmo para um carnívoro inveterado como eu, sinto a falta do cheirinho a peixe num supermercado, quanto mais não seja, para apressar o passo das compras.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Ir de A para B em Cracóvia

Falando da cidade que eu conheço melhor, Cracóvia, as opções não são muito dificeis de explicar.

Opção 1 - Membros inferiores do corpo humano: ideal para dia e noite se o objectivo for andar pelo centro da cidade, que além de ser plano, é relativamente pequeno e onde a maior parte dos pontos de interesse se concentram. Os passeios são regra geral largos, se bem que ao nível do estacionamento automóvel em cima dos passeios a situação é igual a Portugal (desrespeito). Atravessar as ruas, principalmente nas passadeiras pode até desafiar a paciência do chinês mais característico, pois não raras vezes passam 5, 10, 15 carros e nenhum deles para por livre vontade. Facto curioso é o respeito dos peões pelo sinal vermelho (às vezes, pelas 2/3 da manhã ainda se podem ver pessoas numa avenida vazia de carros à espera que o sinal mude de sinal para atravessar (há multa prevista para os impacientes!);

Opção 2 - Bicicleta: número de ciclovias em crescimento, mas claramente insuficiente. É mesmo muito normal ver ciclistas a pedalar nos passeios porque nas estradas não há espaço/é perigoso. Mas mesmo assim, vê-se um número razoável de pessoas de bicicleta. Já agora, o preço de aluguer de uma bicla é de €1,25/hora (baratito). Ideal para percursos pendulares de até 30/40minutos;

Opção 3 - Tram: Há-os para vários gostos. Os redondinhos (ver foto) e com pelo menos 40 anos e bancos de madeira, têm carisma mas pouco conforto (principalmente para o traseiro e costados). Os mais novos, sim senhoras, convencem e são ainda mais modernos por exemplo que as carruagens do “Metro” do Porto, tendo inclusive máquina automática de vender bilhetes no interior da carruagem. E depois, há a maioria constituida por equipamentos com 25/30 anos, remodelados por dentro mas com um conforto mediano. Em cada paragem existe uma tabela actualizada com os horários de cada tram, que são consideravelmente fiáveis. Tal como na maior parte dos países, é normal ver três trams seguidos com igual destino final, como depois estar uns 15minutos até que passe só um (exasperante).

Opção 4 – Autocarro: Muitas vezes mais aconchegados que os trams, logo sempre que há opção entre os dois, ganha o tram. Claro está que a rede de autocarros é bem mais extensa. O passe de autocarro e tram para um mês custa Eurios 25.

Opção 5 – Automóvel: Com gasolina a mais de Euro 1, uma taxa de roubos de automóvel acima da média europeia e um estilo de condução dos terceiros a exigir habituação, não constitui uma alternativa inteligente para quem viva no centro de Cracóvia.

Conclusão: Vencedoras ex-aequo foram a opção 1 e 3.

domingo, setembro 24, 2006

Nowa Huta

Algumas pessoas com quem tinha falado tinham-me desaconselhado visitar esta parte da cidade, porque seria feia e mesmo perigosa para um estrangeiro visitar. Medricas como sou, papei esta opinião durante algum tempo, mas finalmente decidi que tinha de conhecer um exemplo do planeamento urbanístico comunista.
Saindo do tram, na Plac Centralny, choque imediato. Uma praça onde convergem três grandes avenidas, com um pequeno jardim muito bem tratado, e grupos de idosos sentados a aproveitar um soalheiro dia. Nem vou referir como ficaram os meus níveis de adrenalina ao ver isto.
Para ser conciso, trata-se de uma cidade construida a partir do zero durante os anos do comunismo, e que traduz a aplicação do realismo socialista no urbanismo.


Se por um lado gosto das linhas rectas, da simetria das ruas e da disposição dos prédios, não me agrada que as únicas variações nas cores das fachadas dos prédios ande em torno do cinzento. Isto sem falar do facto de os prédios parecerem (e se calhar são) todos iguais. Mas pelo menos no Verão este cinzentismo é colmatado pelos inúmeros espaços verdes existentes. De certeza que não é a zona mais bonita de Cracóvia para viver, mas também já vi bem mais feias em Lisboa (não vou mencionar áreas, mas quem conhece sabe do que falo).

sábado, setembro 23, 2006

E nos entretantos estamos no Outono

Park Ratuszowy

quarta-feira, setembro 20, 2006

É uma casa polaca concerteza

O esquentador está dentro da casa de banho? A cozinha é uma bancada com 1 metro de largura, e tem um ou dois (se tiver sorte) bicos de fogão? O sofá-cama é a solução para dormir? Se a resposta for positiva a todas estas perguntas, então é provável que se trate da descrição de um pequeno apartamento no centro de Cracóvia com 20 anos ou mais.
Ao contrário do que se possa pensar, os preços não são muito baixos quando comparados com Portugal (principalmente se falarmos de estúdios). 270 eurios por um a 15min a pé da praça central de Cracóvia não é propriamente uma pechincha para 20m2. Mas ao menos posso responder negativamente às duas primeiras perguntas do parágrafo anterior (uff).
Se no exterior dos prédios se notam diferenças arquitectónicas, no interior de cada vez mais apartamentos podemos encontrar aquele mobiliário do diabo que dá pelo nome de IKEA, e que é um atentado ao individualismo e à diferença. Tirando as tomadas de electricidade serem diferentes, não encontro mais nada no meu apartamento que me permita dizer que não estou em Portugal. Minto, a vista das minhas janelas aqui em Cracóvia é bem melhor do que em Lisboa. Obrigado vizinha!

domingo, setembro 17, 2006

Zachód słońca


Fim de mais um domingo em Cracóvia

quinta-feira, setembro 14, 2006

Post de agradecimento

Agradecimento a esta senhora, www.bomba-inteligente.blogspot.com, por ter colocado o meu humilde blog em destaque no seu espaço. Isto permitiu um afluxo (quase) abismal de leitores a esta amálgama de palavras que é o meu blog.
Agradecimentos também aos prezados e sequiosos leitores, principalmente aqueles que fazem comentários às minhas bacoradas. É sempre agradável receber feedback das nossas opiniões, mesmo que não conheça quem o faz.

Dziekuje bardzo (muito obrigado).

terça-feira, setembro 12, 2006

Estereótipo do Homem Polacowski

Para ser um polaco "normal", devem ser respeitados os seguintes parâmetros:
a) ter cabelo rapado a pente zero;
b) ter cara de puto, e ser evidentemente imberbe (Bill Gates style);
c) se trabalhar num escritório, usa amiúde camisas e gravatas de cores mais arrojadas (p.ex verde ou violeta);
d) se não necessitar de andar de fato, t-shirt bem justinha (coleante quase) para se notar bem os músculos;
e) em ambiente informal de amigos, terminar cada frase com a interjeição "kurwa";
f) e ,last but not the least, ser possuidor de no mínimo 3 pares de sapatos que à frente terminem em bico (ver foto).

sábado, setembro 09, 2006

Se o Tallon viesse para a Polónia...

..não faria de certeza nenhuma collecção de Ferraris ou Ducatis (nem mesmo de miniatura). A razão é muito simples: neste país não há procura suficiente para os "milagrosos" préstimos do tio José Maria.
Não se espere que todas as polacas tenham o corpão da menina da Galp, mas é nítido que as raparigas são bem mais magras comparativamente a alguns países ocidentais (Portugal inclusive). E não há cá balelas do tipo: "ah, deve ser dos genes" ou "a alimentação delas é mais equilibrada". 95% da explicação para este gostoso facto reside na quantidade diminuta de calorias ingerida: um pequeno almoço normal para nós portugueses, um parco almoço de 20 minutos e na maioria das vezes o jantar não é uma refeiçao quente mas sim um lanche tardio.
Assim não admira que em termos médios, e usando terminologia médica, as polacas sejam boas como o milho.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Bebes


Não há muito a dizer acerca da miríade de bebidas disponíveis num país do centro da Europa e onde os Invernos são rigorosos. Se nós portugueses sabemos fazer bom vinho, esta rapaziada capricha na cerveja e principalmente no vodka (em polaco escreve-se vódka e lê-se vudka).
Não sendo apreciador de cerveja, só posso dizer que há mais de 2 marcas no mercado e cuja qualidade na opinião de consumidores tugas (eu exclusive) é bem melhor.
Quanto a vodkas, bem, dois dos suspeitos do costume dão pelo nome de Wyborowa e Zubrowka. O segundo deles tem a particularidade de ter uma erva dentro da garrafa, o que dá um aroma curioso à bebida, fazendo-se normalmente acompanhar nos copos por sumo de maçã. Qualidade francamente superior à maioria dos vodkas que andam por Portugal, com um preço de Euro 6/7 por meia litrada. Gosto.

domingo, agosto 27, 2006

Ponto (que devia ter sido) prévio #2 - Que raio de nome é este de Geraldo?

Já por várias vezes fui abordado acerca da origem do pseudónimo com o qual assino. Confesso que não é surpresa que apenas uma escassa minoria reconheça este nome. Assim sendo, e qual José Hermano Saraiva, aqui vai uma pequena biografia sobre este ilustre português, e espero que sejam óbvias as razões pelas quais acho que à minha dimensão, me identifico com este senhor.

"Geraldo Geraldes, personagem lendário na História de Portugal à época das lutas da Reconquista, posteriormente ficou conhecido pela alcunha de Geraldo Sem Pavor.
Personagem representativo do período de formação das fronteiras de
Portugal, acredita-se que fosse um nobre de trato difícil, pelo que muito cedo abandonou o norte de Portugal para tentar a sorte no sul do país, nas lutas contra os Mouros. Nessa qualidade, liderou como um caudilho um bando de salteadores e aventureiros. Aquando da conquista da região do Alentejo por D. Afonso Henriques, Geraldo Sem Pavor ofereceu-se como voluntário para tomar a cidade de Évora, bem como outras localidades vizinhas. Utilizando como base de operações o castro hoje conhecido como Castelo do Geraldo em Valverde e do qual existem algumas ruínas, introduziu-se nos muros da cidade, executando o governador mouro e entregando a praça ao soberano.
De personalidade imprevisível, foi um dos principais entusiastas da tomada de
Badajoz, campanha que, em 1169, viria a se revelar um desastre para as forças de D. Afonso Henriques em geral, e para as do próprio Geraldo em particular, que acabou por perder todas as suas terras excepto as do Castelo de Juromenha.
Afirma a tradição que o espírito aventureiro deste nobre o levou a
Ceuta, no Norte d'África, em missão de espionagem a serviço secreto de D. Afonso Henriques, que lhe havia recomendado a tomada daquela praça. Quando a verdadeira finalidade da operação foi descoberta, Geraldo morreu à mãos dos almóadas."

Ponto (que devia ter sido) prévio #1 - Etimologia do nome do blog

Divino
do Lat. divinu
adj.,
relativo ou pertencente a Deus;
sublime;
sobrenatural;
perfeito;
maravilhoso;
s. m.,
as coisas sagradas.
Polónia
A Polónia é um dos grandes países da Europa, limitada ao norte pelo Mar Báltico, a leste pela Lituânia, Bielorrússia e Ucrânia, ao sul pela Eslováquia e República Checa e a oeste pela Alemanha. A Polónia tem 38 milhões de habitantes e sua capital é Varsóvia.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Comes

Para quem me conhece, decerto sabe que em gastronomia não sou nenhuma autoridade, nem pouco mais ou menos. Por isso, falar de comida é algo melindroso para mim, por isso nem vou tentar caracterizar a comida polaca. Apenas digo que gordura, molhos e comida recheada é algo que abunda, ao invés de bom peixe, que é algo raro de encontrar (mas há sempre felizardos que já o conseguiram achar).
Apenas uma nota, para um dos pratos polacos mai típicos, o Pierogi. Este prato consiste em massa cozida e recheada em forma de pastel, cujos recheios mais comuns são carne, repolho ou batata com queijo. Eu comparo de certa forma este prato ao Kinder surpresa, pois o que nos pode calhar é sempre algo de inesperado. Ao contrário do Kinder, nem sempre as surpresas são boas com o recheio dos pierogis.

Zakopane


Homem, besta e a montanha

sábado, agosto 19, 2006

Cracóvia também vai a banhos - Opções B e C

Se havia a opção A, então era porque teriam de existir outras.
A opção B consiste num "aquaparque", que segundo fontes fidedignas portuguesas que já o utilizaram, é e passo a citar: "uma piscina grande, com três escorregas". Mas como é óbvio, não é fácil fazer recintos fechados de grandes dimensões que consigam resistir aos invernos rigorosos e cujos custos não sejam enormes. No entanto, além das piscinas e os três escorregas, tem ainda saunas, ginásios, etc e tal. Quem queira dar uma espreitadela, http://www.parkwodny.pl/eng/.
A opção C, e a meu ver a melhor, é um lago situado a uns 10 km do centro da cidade, onde até existe um pequeno areal. Paga-se uns 2 eurios para entrar, tem uns bons bares de apoio, com uns barbecues bacanos, e na maior parte das zonas o pessoal senta-se na relva/erva/terra numa democrática partilha de espaço com as formigas. A água, uhlálá, quando lá fui estava a uns 25/26º e o fundo do lago é areia (sem lodo, nem ervas, nada).
Já agora, só uma curiosidade: não vi por lá muitas toalhas de praia, uma vez que as mesmas não conseguem oferecer a polivalência nem a dimensão de um bom, velho cobertor. Eu não me sentei em cima de nenhum, mas era capaz de afiançar que um cobertor numa praia pode ser algo quente demais.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Religião

Ponto prévio: sou ateu. Por isso, esta deve ser a primeira e última vez que vou falar sobre religião aqui, e não quero tocar em assuntos controversos nem com uma vara de 10 metros para não arranjar encrencas com o clero. Também não vou estar aqui a dizer banalidades sobre a vida do papa João Paulo II. Há decerto informação em barda na net, escrita por pessoas letradas, pelo que é só procurar.
Queria só testemunhar duas coisas:
1ª: é bastante significativa a participação da população em geral (novos e menos novos) nas cerimónias religiosas. Isto é particularmente notório quando muitos dos jovens dizem que vão regularmente à igreja (e neste caso ao contrário dos tugas, não é somente quando existem casamentos);
2ª: na cidade onde estou, Cracóvia, existe um número fora do comum de freiras a circular na rua. Das duas uma: ou existem aqui muitas, ou então não vivem tanto em reclusão como as correligionárias portuguesas. É que apesar de não ser religioso, há algo na tranquilidade emanada pelas freiras que me inibe/censura cada vez que cruzo com alguma delas. Ou então também poderá ser por causa de algumas terem bigode ...

Kościół Mariacki

quarta-feira, agosto 16, 2006

Polacas gostam de sol..

mas como no país onde vivem o grande ovo estrelado da nossa galáxia não é amiguinho delas, a sua pele é tendencialmente, vamos lá, cor de líxivia.
Pensais vós que isso é foleiro, mas nada disso. Foleiro são aqueles bronzeados feitos à custa de € o,25 / min no solário. Não fossem os minimercados e as lojas de bebidas espirituosas, o solário seria o estabelecimento comercial mais visto por estas bandas (pelo menos em Cracóvia). Não há cabeleiro que se preze que não tenha um anúncio em tamanho XL a lâmpadas que supostamente providenciam um bronzeado "bonito".
Eu desde já gostava era que uma Cinha Jardim, ou uma Lili Caneças viessem à Polónia dar uma palestra às Kasias e Gosias, e mostrarem o estado em que fica a pele depois de exposição intensa ao sol. A tonalidade da pele estava muito bem, e não havia necessidade disto.















Em contraposição, no meu trabalho, e julgo que é hábito generalizado, as pessoas não têm problemas em trabalhar às escuras. Ok, escuras é exagero, mas é já após o lusco-fusco. Afinal será que eles, os polacos, gostam de luz ou não? É que qualquer dia tenho de caminhar às apalpadelas. Uhm, e daí isso até pode ter algumas vantagens...

terça-feira, agosto 15, 2006

As escolhas do professor


Meus amigos, para abrir este capítulo de crítica literária, trago aqui o primeiro livro que li sobre a Polónia concretamente. "A question of honor" - Lynne Olson e Stanley Cloud, gira em torno dos acontecimentos de um esquadrão de pilotos aviadores polacos que durante a II Guerra Mundial conseguem fugir da Polónia para ajudar as forças aliadas na recuperação que eles julgavam rápida do seu país. Narra todavia muito mais do que os factos heroicos deste grupo de homens, dando uma perspectiva não tão conhecida do público em geral sobre o comportamento dos países aliados e a sua relação com Estaline. Com passagens por vezes, a meu ver, demasiado laudatórias não deixa mesmo assim de ser rigoroso. 400 páginas de história, bem escritas, e que merecem ser lidas (em inglês). Muito bom!

sábado, agosto 12, 2006

Parque Automóvel


Se há coisas pelas quais sou fanático, uma delas são os carros. Por isso, era inevitável que perdesse algum tempo a falar das bombas que há aqui na Polónia.
Bom, regra geral vê-se o mesmo tipo de carros que andam em Portugal, naturalmente com maior predominância para os carros baixo de gama (Fiat Cinquecento, Renault Clio, etc..). Contrariamente à ideia tacanha que tinha, não se vê muita sucata russa - Lada - a circular (aliás, bem poucos eu vejo).

Mas, sendo um país com uma dimensão já grandita, é normal que existam carros específicos só daqui. Há dois que se destacam: Polonez Caro e Fiat 126 - 650.

O primeiro, como se pode constatar pela foto abaixo, tem umas linhas no mínimo feias, uma robustez apercebida fraca, e segundo sei, apesar do motor de 1600 cc tem a agilidade de um rinoceronte. Bom, ao menos tem espaço para ser um carro familiar para a classe média-baixa polaca.

No segundo caso, a situação muda de figura. Ao olhar, imediatamente nos apaixonamos pelas formas simples e compactas, como só os construtores italianos conseguem fazer. Este menino, é sem sombra de dúvida o carro mais vendido na Polónia (doo um dos meus rins à ciência se isto for mentira), tendo sido produzido desde 1973 até 2000. Basicamente trata-se de um dois cilindros refrigerados a ar, cilindrada de 652cm3, montado na traseira. Simples, barato, e fiável.

Eu não sou nem pouco mais ou menos apreciador de Fiat's, mas ouvir um motor destes a trabalhar é sempre um encanto. E se a potência não abunda, os 600kg de peso ajudam à genica necessária para dominar o trânsito citadino. Mesmo em 2006, este é o carro que se vê mais nas ruas da Polónia. E por mim, já me decidi, quando tiver necessidade de comprar um carro, um Fiat 126 branco está na lista de preferências.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Regras de etiqueta na Polónia

Antes de mais quero já avisar todos os bacanos que vierem à Polónia para não estranharem que alguém vos chame por Pan José, p. ex. . É que aqui, pan quer dizer senhor. Portanto, nada de ficarem com inseguranças relativamente à vossa heterossexualidade, ou no caso de serem bichonas se calhar até vão achar muita graça. Adiante.

Cumprimentar gajos: aperto de mão mediano, cabeça bem levantada para não nos sentirmos tão baixos, e está o assunto arrumado.

Cumprimentar gajas: aqui, elas só "autorizam" cumprimentos com beijinhos às pessoas mais próximas. Mesmo que estejam com alguém que vos está a apresentar uma sua amiga, o melhor é estender a mãozita, para um "passa-bem" chocho. Se forem todos lampeiros para os tradicionais dois beijinhos da praxe tuga (exceptuando o enclave de Cascais onde, noblesse oblige, é só um), arriscam-se com grande probabilidade a serem presenteados com o, e vou usar a expressão inglesa, pull-back. Digo já que isso é algo que não se quer, pois nos segundos seguintes uma pessoa questiona-se rapidamente se de facto tomou banho, se cheira mal dos dentes, se aquela verruga enorme na testa é assim tão feia....Por fim, percebemos que elas, as polacas, afinal são meras raparigas tímidas no primeiro contacto. Mas perguntam-se vocês e com razão:mas as gajas aí não usam todas mini-saias pouco maiores que um cinto? Pois usam, daí a incongruência de chamar-lhes pessoas tímidas. Ai, ai, ai, estas contradições matam-me.
Pior! Depois quando é para os amigos, não dão uma nem duas, mas sim três beijocas. Que exagero raios.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Cracóvia também vai a banhos - Opção A

Se não estou equivocado, a praia de mar mais próxima de Cracóvia deve distar uns simpáticos 600km para norte. Ora, como nem toda a gente tem pachorra para fazer tantos kilómetros, lá tiveram de encontrar outras maneiras de dar banho aos tomates. Existem portanto várias opções, sendo esta para mim a menos ortodoxa.
A entrada promete logo diversão garantida: uma vedação de arame ostensivamente cortada, e com um simpático aviso de proibido nadar.

Passada a vedação, ao menos deparamo-nos com uma vista engraçada:

Portantos, e passando a explicar, esta malta usa uma antiga pedreira para ir a banhos. Mas verdade seja dita, é uma ex-pedreira de categoria. A água é bastante limpa, consta que a temperatura da água também é agradável e tem inclusive uma escola de mergulho (visivel no lado esquerdo da foto). Ok, tem um pequeno inconveniente de nem sempre o acesso à água ser o mais fácil. Se bem que em Cancun, um saltito desta altura para a água seria uma brincadeira de crianças, mas com grande pena minha não vi nada disso aqui. Que grandes mariconços sairam estes polacos.

domingo, agosto 06, 2006

Animação de rua em Cracóvia

Por aqui também há os indigentes que andam a cuspir fogo para arranjar trocos, mas com todo o respeito por eles, prefiro algo menos agitado e com um pouco mais de nível.


terça-feira, agosto 01, 2006

Custos


Acho que ainda é comum pensar-se que neste país os produtos são ao preço da uva mijona. Falso, principalmente na capital, Varsóvia, onde os preços são ao nível de Lisboa na maior parte dos produtos.

Mas sendo eu um licenciado em Economia por uma faculdade reconhecidamente intelectualmente estimulante, estava preparado para começar a ler working papers, ver séries temporais, comparar vários cabazes de produtos com o objectivo de chegar a uma conclusão satisfatória acerca de qual o custo de vida na Polónia...and soione and soione

Felizmente se houve algo que a faculdade não me conseguiu tirar foi o sentido prático, portanto o melhor indicador é o bom velho e fiavel Menu BigMac. Em Portugal custa € 4.10. Na Polónia Pln 11.50 ( um pouco menos de € 3). Portanto, tal como dizia um infeliz Primeiro Ministro - é fazer as contas.
Ao lado, foto de parte do centro comercial mais modernaço de Cracóvia (o Galeria Kazimierz), que decerto não vem dos tempos do comunismo.

segunda-feira, julho 31, 2006

Multibanco na Polónia

É UMA MERDA.

Mais explicações serão dadas quando estiver mais calmo, porque garanto que é aborrecido tentar levantar guito e a máquina dizer que eu sou teso (o que é falso), e isto foi uma das coisas que me lixou a noite. A outra vai ser lavar agora a porcaria da chapa de grelhar.

domingo, julho 30, 2006

Segurança nas ruas

Relativamente à segurança, existe uma excepção que convém desde já mencionar: neste país roubam-se carros à brava. Desaconselho vivamente visitar a Polónia com um autóvel de matrícula não polaca. Se tiver mesmo de ser, é bastante inteligente deixar o carro num parque vigiado. Ver um automóvel polaco por dentro, e os sistemas anti-roubo que eles têm é bastante curioso (o volante trancado é um opcional, mas literalmente fechar a caixa de velocidades com uma chave é algo de bastante usual em todos os carros).

Tirando isto, sinto-me bastante mais seguro em Cracóvia do que em Lisboa (ok, o facto de em Lisboa morar perto da Morais Soares vicia esta análise). Além disso, às 4 da manhã já é madrugada e quase não é necessária luz artificial. Assim, é perfeitamente natural e seguro circular a pé por qualquer área do centro de Carcóvia, a qualquer hora do dia e noite. Não se vêem tanto sem-abrigos, tantos desocupados ou simplesmente malta com um aspecto ranhoso como em Lisboa, necessitando uma pessoa de se preocupar exclusiamente em encontrar o caminho para casa após noite de copos.

Como chegar à Polónia

Da primeira vez que aqui cheguei não vim directo de Portugal, mas sim no decorrer de um pequeno interrail pela Europa. Ora, uma vez que vir de comboio de Portugal para a Polónia ainda é brincadeira para demorar dois divertidos dias, aconselho o avião.
Até agora, e com voos directos para a Polónia (Varsóvia), só conheço a CentralWings - www.centralwings.com . É uma low-cost polaca, nunca andei, mas quem já foi cliente primeiro está vivo para contar como foi, e segundo não tem razões de queixa (não há luxos, e cada bebida paga-se à parte). Os preços normalmente nunca ultrapassam os € 300 com taxas (ida e volta), podendo ir até ao € 1 por viagem sem taxas se comprada nas happyhours que surgem quando o rei faz anos. Comprando com 3 meses de antecedência, e sem contar com promoções, a viagem ida e volta sai a € 200 (são umas 5horas de voo, portanto um preço justo)
Chegados a Varsóvia, e para ir até Cracóvia, a melhor opção é o comboio (2.30 - 3h de viagem). Para quem queira chegar ao aeroporto de Cracóvia (20km do centro) não existem voos directos, sendo então só uma questão de achar o melhor preço (normalmente via Londres).

sexta-feira, julho 28, 2006

Choque Cultural #1

Há quem diga que em Portugal o civismo não reina, que somos pouco educados, e assim. Pois bem, uma coisa que não esperava ver num país europeu eram comportamentos do tipo salve-se quem puder.
Situação 1:fila de supermercado, ligeiro olhar para trás e quase imperceptivel desvio para a direita (ou esquerda, é irrelevante o lado); se a fila avança e nós não durante 0,5 segundos, acto imediato, somos ultrapassados à grande.
Situação 2: cantina, pessoas com os tabuleiro, demora-se mais de 2 segundos a avançar, zás, alguém nos ultrapassa na fila, todo contente.

Segundo fontes polacas, esta de facto é uma situação conhecida. O seu individualismo. Agora perceber porque são assim tão individualistas é que me vai demorar mais tempo.

Por contraposição, e pelo menos nos transportes públicos, a malta é bastante educada com o pessoal mais provecto. Imediatamente se levantam para dar lugar a alguém com mais de 65 anos se homem, ou 58,6 anos se mulher. Pessoalmente quer-me parecer que é por medo de represálias no caso de não se levantarem. É que o olhar de algumas velhotas não é propriamente meiguinho. Eu, como me quero adaptar bem, e também tenho a minha dose de cobardice, mal vejo um velhote a 25m em qualquer situaçao em que esteja sentado, logo me levanto.

terça-feira, julho 25, 2006

Peso da populaçao jovem


Apesar de ser um país com bastante população jovem, ainda é possivel avistar alguns anciões a locomoverem-se por um dos seus habitats de eleição (o jardim).

domingo, julho 23, 2006

Wawel Castle

Apenas uma foto do Castelo de Cracóvia. Visto assim, não parece nada de fascinante, mas também queria incluir na foto o passeio (pedestre e para bicicletas) que existe junto às margens do rio (Wisla) que banha a cidade, e eu já fiz uns 3 km dele, e acho que deve ter ainda mais outros 3 pelo menos. Será que seria assim tão complicado fazer algo assim no Rio Tejo?? Acho que sim, mas os benefícios que aí adviriam seriam bem maiores que as chatices. Além disso os cracovianos e as cracovianas aproveitam para expor os seus bikinis na margem do rio, o que dá sempre um encanto a qualquer cidade.














E porque achei que uma foto era insuficiente, aqui vai mais uma um pouco mais abaixo do castelo com vista para uma igreja que não faço ideia do nome





Palavritas básicas em polaco ( e que daí não são tão básicas de dizer)

Para quem queira visitar a Polónia, e quizer esforçar-se o mínimo para aprender uma meia dúzia de palavras, aqui vai o básico (mal escrito porque não me apetece mudar definições do computador para puder pôr cedilhas em e's ou traços em z's):

- Dzien dobry (para dizer isto em português teria de ser escrito "Djên dóbri"): Bom dia / boa tarde
- Czesc ("chéxch") : Olá
- Do widzenia ("dô vidzénia"): Adeus
- Tak: Sim
- Nie: Não
- Przepraszam ("pchprácham": Desculpe / com licença
- Dziekuje ("djênkuié"): Obrigado
- Prosze ("proche": por favor / de nada

Além dos sorrisos que podem surgir nas mentes portuguesas pelo uso da palavra Prosze, existem outras que também são curiosas para nós, como p.ex.:

- Pan: Senhor
- Kurwa: Prostituta
- Hui ou Wui - nem sei bem como se escreve em polaco: Membro sexual masculino no vernáculo mais forte. Este som, para um polaco pode surgir quando por acaso um amigo nosso se chamar Rui, e nós não carregarmos no R ao dizer o nome. Falo por experiência própria, em que estava a chamar um amigo numa esplanada, chamei-o pelo nome, e de repente só vejo a empregada de mesa, a deitar-me um olhar de desprezo/censura e a dizer "pardon".

Curso intensivo de polaco em 4 ou 5 paragráfos

Sendo eu uma pessoa perfeccionista, bastante pro-activa e com uma capacidade de aprendizagem bem acima da média (ok, estou a exagerar - eu não sou perfeccionista), decidi que ainda em Portugal poderia começar a aprender algo desta língua para nós tugas, tão estranha. Após aturadas peskisas acerca de quais os materiais que precisaria para levar a cabo esta tarefa, verifiquei que apenas tinha disponivel três livros. Vou começar do pior para o melhor:

1 - Dicionário Português-Polaco e Polaco-Português da Porto-Editora. Apreciação: como dicionário de pequena dimensão que é, naturalmente tem bastantes limitações ao nivel de significados, e também não é propriamente um dicionário de bolso. À posteriori admito que não foi a melhor opção. Devia ter comprado algo pela Amazon, do género pocket diccionary Polish-English, em vez de andar a correr livrarias onde encontrar o dicionário da Porto Editora;

2- Polish in 4 weeks da Editora REA. Apreciação: bom, este é um livrinho que tem um título deveras sugestivo e imediatamente tentador. 400 páginas em formato A5, e supostamente já somos uns peritos em ...basic polish. E até traz um CD e tudo. Estava tudo muito bem até aqui, mas o começo é bastante desapontante. Têm uma página com o alfabeto polaco, mas "esquecem-se" de ensinar como se pronunciam as letras. Um L com um traço ao meio, ou um E com cedilha, não é propriamente imediato saber como se pronunciam. Na minha ingenuidade pensei que apesar de não terem escrito, ao menos no CD estaria lá um recital do alfabeto. Os tomates é que estavam lá! Estes surrados têm somente no CD uns 10 diálogos que devemos acompanhar pelo que está escrito no livro, and that's all folks! Em suma, o livro é um bom livro, mas só para quem já tem algumas luzes de polaco. Caso contrário, estará a saltar uma parte importantíssima de qualquer aprendizagem de lingua (O ALFABETO E OS SEUS SONS!!!). Desilusão! Para quem mesmo assim o queira comprar, faça a pesquisa na Amazon. Com despesas e portes, o total do livro manda-se para os 30 eurios (na Polonia custa 40 zlotis - 10 euro).

3- Polish phrasebook da Lonely Planet. Apreciação: Dentro do estilo phrasebook, cumpre perfeitamente os seus propósitos: pequeno, fácil de usar, tem um espaço dedicado a pronunciation and transliterations onde por exemplo posso ficar a saber que o "C" na verdade se deve dizer "TS". Com este livro consegue-se traduzir as palavras básicas em quase todas as situações rotineiras, aprender a fazer perguntas/ou a pedir alguma coisa (o complicado depois é compreender a resposta que nos dão!). Pessoalmente, tento andar o mais possivel com este livrinho, muito útil principalmente num supermercado ou no restaurante quando não existe algum polaco para me traduzir os nomes.
Munido destes instrumentos, a conclusão sai fácil: só com isto não se consegue aprender grande coisa.