terça-feira, novembro 28, 2006

Teimosia polaca vem de longe

Ao longo da minha vivência na Polónia, há algo que sinto ser um traço característico na personalidade destas gentes. A teimosia. Não me apetece concretizar o porquê desta minha ideia, mas pensando bem isso nem é muito surpreendente tendo em conta os seus antepassados.
Por exemplo, só um gajo bem teimoso é que se lembrava de no início do século XVI mandar o bitaite em forma de modelo de que é a Terra que afinal gira em torno do Sol. Pois é, o Mikolaj Kopernik (Copérnico) era polaco. Nos tempos livres lá conseguiu pôr em causa o modelo geocêntrico que a Igreja Católica tanto defendia. E sortudo como foi, na sua altura a Igreja Católica nem lhe chateou muito o juízo sobre estas ideias. Quem se lixou à grande umas dezenas de anos depois em torno destes assuntos foi o Galileu.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Velharias nas estradas polacas

Prova do nível de desenvolvimento desta terra, é o facto de se verem por aqui veículos com esta idade.




E ainda bem.

domingo, novembro 26, 2006

Pôr do sol de um dia de novembro magnífico

26.11.2006 às 15.30h em Cracóvia, quase no lusco-fusco

sexta-feira, novembro 24, 2006

Wódka

A primeira foto dispensa comentários.















Na segunda, a entrada de um bar com um ar pacato e acolhedor, mas que de noite faz juz ao seu nome. Com uma vasta selecção de wódkas e como está quase colado à praça central, é um must visit place.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Solanum tuberosum

Europa Central, Polónia, agricultura, trigo, pão, vaca, bife, bife com batatas fritas. Mas para elaborado prato são necessários ingredientes da melhor qualidade, mas que até agora ainda não consegui encontrar. E o elo mais fraco reside inesperadamente na batata. Sim, não é nada fácil encontrar tubérculos de qualidade aqui por estas bandas. E eu permito-me tentar avançar com uma explicação mais detalhada das causas sociológicas (mais do que as agrícolas) que poderão originar a fraca qualidade da batata polaca. Sendo curto e grosso, o problema é a falta de paciência do agricultor polaco.
Concretizando as acusações, aqui vai: existem à venda na maioria dos supermercados batatas bastante pueris, que tudo bem que até dão jeito para fazer um assado no forno, mas não deixa de ser chocante o calibre diminuto que estas apresentam. Pior, as poucas batatas de tamanho minimamente decente para cortar em tiras apresentam imperfeições, resaltos, e podridão perfeitamente ultrajantes para os padrões de um ribatejano habituado a comer batata de qualidade. Isto para nem falar das que estão verdes e de toda a sujidade que ainda têm pois não foram devidamente lavadas.
Em suma, quem julgue que vem até à Polónia comer boa batata, ficará decerto desapontado, pois esta é uma batata ainda bastante naif, que recusa ser produzida de acordo com as mais recentes directivas da FAO, e que neste acto de rebeldia não merece mais do que nota 5 (numa escala de 0-20).
Assim, está bom de ver que não há condições para fazer um bom do bife com batatas fritas, ou mesmo, o saudoso bitoque.

terça-feira, novembro 21, 2006

As escolhas do professor III

Pessoalmente acho que é mais engraçado viajar sem nenhum guia de viagem, e descobrir por nós próprios. Mas também é verdade que um dos bons pode ajudar a poupar algum tempo e dinheiro. Antes de vir para a Polónia já tinha um guia de toda a Europa da colecção Rough Guides, e como em equipa vencedora não se mexe, lá comprei da mesma editora o livro referente só à Polónia.
Como pontos fortes aponto a importância dada ao vocabulário polaco básico, e as explicações mais detalhadas sobre figuras/acontecimentos históricos/locais importantes. Regra geral as sugestões para restaurantes/bares batem certo (em termos de qualidade e custos). Mas também já me aconteceu ir à procura de um restaurante, estar na morada certa, mas o restaurante (já?) não existe. Em relação a discotecas é preciso mais atenção, pois são locais que mais rapidamente passam de moda. O ponto sempre importante da dormida também é abrangente, incluindo o belo do hostel com dormitórios (não badolhocos), até ao 4/5 estrelas com mística num qualquer centro histórico.
Outras opções de guias para a Polónia são o da Lonely Planet (não tão bom), Michelin Green Guide (boa opção) e para os não back-packers e que gostem de ver fotografias antes de chegar aos locais que vão ver há o da American Express. Ou então não comprem nenhum, e vão perguntando pelas coisas nos postos de turismo.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Viagens na terra de outros - Wrocław



A uns 300 e picos km (pelo menos 4h de comboio) a noroeste de Cracóvia fica a cidade de Wrocław (foneticamente soa a Wrótsuaf, mais ou menos). Até ao final da II Guerra Mundial o seu nome era Breslau e fazia parte da Alemanha, mas fruto das trocas e baldrocas do retalhamento da Alemanha no pós-Guerra, passou a ser território polaco. Com mais de 500.000 habitantes é uma cidade em que se nota um maior dinamismo empresarial e que é um pouco menos interessante em termos turísticos que Cracóvia, estando todavia no top 5 das cidades mais importantes do país.
Nos guias turísticos é referenciada como a Veneza da Polónia (e quase que jurava que num que eu li, surgia como a Aveiro da Polónia), por causa de alguns canais que atravessam o centro da cidade. Já estive em Veneza e não é bem a mesma coisa. Faltam japoneses.
Como foi afectada/bombardeada/destruida parcialmente na última guerra, por exemplo os edifícios da bela praça central não são os originais, mas sim reconstruções. Perdeu-se um pouco da história, ganhou-se em beleza e em cor. E para não fugir à paisagem habitual das cidades polacas, anda em profundas obras (centro histórico inclusive), para aproveitar à última da hora os subsídios da UE.
Só estive nesta cidade meio dia e noite, pelo que tenho de lá voltar, pois julgo que para a conhecer e aos arrabaldes bem, sejam necessários pelo menos uns 3 dias. Mais info em http://www.wroclaw-life.com/.

domingo, novembro 19, 2006

Calçado português na Polónia e em força

Esta é uma montra de uma loja sita na rua (Florianska) mai bonita e comercial de Cracóvia, que pelos vistos se especializou em calçado feito em Portugal. Porreiro pensarão as mentes mais imediatistas. As exportações portuguesas aumentam, mesmo num país um pouco distante como a Polónia o nosso calçado revela que tem qualidade, e que os nossos empresários conseguem adaptar a sua produção de acordo com as preferências dos consumidores polacos. Ora bem, é exactamente neste último ponto que reside o busílis (alguns erroneamente dizem ex-líbris) da questão. Andam-se a fazer em Portugal sapatos que em jargão do sector do calçado, são apelidados de feios. É que se já é um facto consumado que a moda da sabrina (que na Polónia é rainha) também já apanhou as mulheres portuguesas, espero que os tugas não usem sapatos dos polacóides. Nós não estamos na vanguarda do estilo, mas eu mais facilmente andava com sapatilhas Sanjo.

sábado, novembro 18, 2006

Sinalização vertical de trânsito polaca

Quando vi este sinal pela primeira vez, vários pensamentos desfilaram na minha mente. A saber:
1- Como é que um homem deste tamanho caberia dentro deste carro?
2- Os peões neste local andam a correr à frente dos automóveis?
3- Porque é que o boneco parece estar a cair se ninguém/nada lhe tocou? Será o João Pinto?
4- O que raio quer dizer Wypadki?

Toda esta preocupação da minha parte revelou-se bastante precipitada, pois uns metros mais à frente, e após ver este semáforo, fiquei perfeitamente descansado relativamente à capacidade dos polacos entenderem os sinais de trânsito.



sexta-feira, novembro 17, 2006

Sons daqui

Para que não fique a ideia no ar de que na Polónia só existe música tradicional, achei que devia também falar sobre outros estilos musicais.

Antes de mais, e talvez nem todas as pessoas saibam, o Chopin nasceu na Polónia e tinha o nome de Fryderyk Franciszek Chopin. Já naquela altura o mundo da música (a clássica então nem se fala) era um mundo cão, pelo que para singrar e aproveitando a sua mudança para Paris, por sugestão dos marketeers da sua editora, mudou os nomes próprios para Frédéric François. Diz-se que ele foi um bom compositor. Não tenho conhecimentos para avaliar, mas tem uns ritmos engraçados.

Mas, mudando para algo mais actual, verifico que o Jazz tem bastante saida por estas bandas, e apesar de já ter ido a concertos que se revelaram uma estopada daquelas que até deu para dormir, também já houve dos bons (e isto por amadores). No campo dos artistas profissionais, e segundo fontes polacas, Leszek Możdżer é um bom exemplo do bom nível actual do jazz polaco.

Para quem goste de algo mais a mandar para o Pop, existe por exemplo uma cantora que alia um 2º lugar no disputadíssimo concurso da Eurovisão de 1994 (quem não se lembra disso), com 3 capas da revista Playboy. O seu nome é Edyta Gorniak.

Outros nomes para procurar no Youtube ou noutros sítios que tais: Sojka , Raz Dwa Trzy e Maria Jopek.
Ps: se não perceberem nada da língua, não se assustem muito.

domingo, novembro 12, 2006

Polka not Polska

- Chewbacca é um Wookie com 2m de altura, e no entanto vive no planeta Endor juntamente com uns anões dos Ewoks.
- António Guterres foi dos mais indecisos e incompetentes governantes portugueses, e posteriormente foi nomeado para Alto Comissário das Nacões Unidas para os Refugiados.
- Existe uma dança chamada Polka, mas que na verdade é originária da República Checa.
Será que isto faz sentido? Claro que não, nada disto faz sentido!
Bem, nem tudo. Em relação às duas primeiras situações não encontro explicação, mas em relação à Polka, este nome foi atribuido como forma de homenagem dos checos aos polacos aquando de uma rebelião contra a Rússia em 1830.
A título de curiosidade, uma das danças típicas da Polónia chama-se sim Polonez.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Afinal estou a viver na Galicia

Pois é. Devo andar ao engano. Pensei que vinha viver para a Polónia, e afinal descobri que o sítio onde vivo pertence a uma região que anteriormente se chamava Galicia. Como em Portugal sou considerado mouro,será que agora passo a ser galego? Bom, acho que não, porque de facto esta região já não existe.
Como se pode observar pelo mapa abaixo, esta região que existiu até ao final da II Guerra Mundial era constituída por territórios que actualmente pertencem à Polónia e à Ucrânia, remontando a sua génese a finais do século XVIII aquando da ocupação austríaca.
Agora porque é que os malandros dos aústrios deram este nome é que não faço ideia. E muito sinceramente, uma vez que não é possível ninguém me poder chamar de facto galego, nem estou muito preocupado em saber.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Viagens na terra de outros - Cracóvia a Varsóvia

Quem faça a viagem de comboio entre Cracóvia e Varsóvia, terá a oportunidade de ver duas cidades pelo caminho. Estas cidades coincidem com o ponto de partida e o ponto de chegada. Nos 300 km que separam as duas cidades, as únicas paisagens que se vislumbram pela janela são quintas, quintas e mais quintas. Cidades, népia. Indústria, nicles. Montanhas, neribi.
Como é característica da Polónia, estas quintas são de pequena/média dimensão (menos de 50 hectares), totalizando mais de 2 milhões de propriedades. Talvez por isso, actualmente este sector ainda emprega 25% da população activa (para quem não sabe, face a países desenvolvidos, é um valor quase absurdo), contribuindo com pouco mais de 3% para o PIB. É pois o reflexo de uma agricultura pouco eficiente e pouco orientada para o mercado, e que constitui um desafio para a Política Agrícola Comum da UE conseguir ajudar (ou não) à sua re-estruturação.
De entre os produtos mais populares existe a bela da batata, o bom do milho e não podemos esquecer a vacaria no lado da pecuária.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Cuidadinho a andar a pé

Que as linhas longitudinais contínuas mereciam igual respeito por parte dos condutores polacos, do que eu dou às palavras do Mário Soares já eu sabia. Que existem sinais de trânsito que indicam que o carro deve ser estacionado metade na estrada, metade em cima do passeio (assim a modos que de ladecos), também já me habituei. Mais, que as passadeiras não passam muitas vezes de manifestações artísticas por parte dos cantoneiros polacos custou um pouco a compreender, mas já tomo os cuidados devidos para atravessar a rua.
Agora o que é inadmissível é que tenha sido alvo de uma tentativa de atropelamento (consumada para a outra pessoa que estava comigo na altura) por parte de um condutor enquanto eu estava no passeio, e aquele troglodita sobe o passeio todo à minha frente, e muito descontraidamente começa a fazer marcha-atrás como se eu fosse ali uma entidade sobrenatural, logo sem existência física (e se calhar jurídica). Sei que não se devem fazer generalizações, mas parece que a Farinha Amparo também anda a distribuir cartas de condução neste país. E ao contrário de Portugal, não é só a mulheres.