quinta-feira, dezembro 28, 2006

Final de Ano

Existem várias razões pelas quais não vou passar o final de ano em Cracóvia, a saber:
1- já passo cá dias suficientes;
2- se tivesse a nevar/houvesse neve provavelmente as montanhas seriam uma boa opção;
3- e mais importante, caso ficasse por Cracóvia, provavelmente experimentaria ir para a molhada da festa na praça central, juntamente com o povão. Só tinha era de ter cuidado com mais uma magnífica tradição polaca que ocorre na passagem de ano, e que consiste em garrafas que são atiradas ao ar, ao acaso, como gesto festivo. Bonito! Vá-se lá saber porquê, todos os anos há palermas que não são capazes de se desviar das garrafas, e depois ficam com doi-dois.
A todos os leitores, boa passagem de ano, que o próximo ano seja ....yada yada yada...bla bla bla....

quarta-feira, dezembro 27, 2006

As escolhas do professor IV

Depois de 600 páginas sobre história da Europa, o passo óbvio passou por procurar um livro exclusivamente dedicado à Polónia. A escolha recaiu sobre "Heart of Europe - the past in Poland's present" de Norman Davies. Em pouco mais de 400 páginas, o autor consegue abordar de forma interessante e não demasiado complicada (isto se não se tentar pronunciar todos os nomes que vão surgindo) mais de 800 anos de história polaca.
Este livro é a modos que uma versão compactada de uma outra obra mais completa deste autor (God's playground - 2 volumes) e é uma excelente base de partida para quem tiver curiosidade sobre a história de um país, que nos últimos duzentos anos é particularmente fascinante.
Como particularidade, refira-se que o autor narra os acontecimentos por ordem cronológica inversa (deve ter visto o filme Memento). Por exemplo, agora já consigo compreender um pouco melhor o conceito de Romantismo polaco, e é um pouco diferente do pre-conceito que tinha.
Para concluir, este é um livro de história fundamental, e quase de leitura obrigatória para quem queira saber um bocadinho sobre a Polónia, pois só olhando para trás, se pode perceber o presente e pensar no futuro.
Nota: sim, na parte final da última frase deste post está uma lapissade de primeira água. Mas nunca é demais enfatizar isto.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Adenda (tradições) Natal

No post anterior faltou referência à tradição/crença mais curiosa do Natal polaco. Acredita-se que na noite de 24 para 25 os animais falam entre si usando vozes humanas.
Ora face a isto, várias questões me ocorrem. Quando começou esta crença? Será que foi inspirada nas fábulas de Esopo ou no bem mais tardio La Fontaine? E se sim, será que algum destes senhores afinal era polaco? E se nos outros países os animais não falam, isso estará relacionado com um sistema educativo diferente? Desconheço.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Natal

Nesta altura, e uma vez que vou até meu país, minha terra, minhas gentes, meu Portugal passar uns dias, apenas aqui vão os votos de: "Wesołych Świąt i Szczęśliwego Nowego Roku".
Vou-me escusar a traduzir isto, porque não só é tão fácil de dizer como parece, como toda a gente percebe o que quer dizer.
Já agora, tradições de Natal por aqui: pôr doze pratos à mesa, comer peixe (por exemplo carpa), quem dá os presentes é o anjo ou a estrelinha, e fazem a festa de familia na noite de 24 para 25. Os dias 25 e 26 (que também é feriado!) servem como o prolongamento da festa. E quase que me esquecia, nesta noite recebem prendas, mesmo já tendo recebido prendas no dia 6 de Dezembro. Recebem portanto a dobrar. Lampeiros!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Comezaina tuga em cracóvia

Por obra do acaso, lá foi possível descobrir um restaurante em Cracóvia que serve comida portuguesa. Frango no churrasco, bacalhau, sardinhas, sopa de caldo verde são alguns dos teasers deste restaurante, Piri-Piri de seu nome.
Ainda não fui lá, mas estou apenas a 24h de ir ver a interpretação polaca da gastronomia portuguesa. Sim, porque não me parece que o dono do restaurante seja o shor Manel, emigrante na Polónia vindo do Mogadouro. Desde já uma coisa é garantida: peixe fresco de mar é mentira. Mas também, dêem-me um frangozinho no churrasco picantezinho, e já fico bastante contente.
Depois de encontrar garrafeiras que vendem vinhos portugueses (a preços um tudo nada inflacionados), um restaurante português, só falta achar por aqui um Café Central que tenha ao fim de semana o Correio da Manhã para ler. Quem é ou foi emigrante sabe a importância destas coisas aparentemente tão popularuchas e provincianas.


terça-feira, dezembro 12, 2006

Espertalhona

Se Portugal tem como ilustres que receberam o Prémio Nobel um médico consagrado no estudo da lobotomia, e um escriba de inanidades sem respeitar regras básicas de pontuação, a Polónia está um pouco mais além. Por exemplo, a dona Marie Curie, ou Maria Skłodowska nasceu neste país. E segundo tive oportunidade de relembrar, a senhora era bastante esperta, tendo inclusive sido a primeira pessoa a receber dois Prémios Nobel em áreas diferentes (Física e Química). Mais, há um elemento pertencente à tabela periódica cujo nome em português é Polónio, e que foi dado pela Mariazinha em homenagem às suas origens. Agora também é verdade que se tivesse permanecido numa Polónia ocupada pelos russos em vez de bazar para França para estudar, dificilmente ganharia um Prémio Nobel, quanto mais dois.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Viagens na terra de outros - Katowice

A cerca de uns 100km de Cracóvia de comboio ou auto-estrada (paga a preços de Portugal e em obras, mas uma das poucas na Polónia) está a cidade de Katowice. De origem bastante recente e ainda com um forte cariz industrial, alberga (mais polaco menos polaco) umas 320.000 pessoas. Fora dos destinos turísticos mais óbvios, além dos estudantes erasmus, é mais dificil ver estrangeirada por estas bandas. E isso é positivo, pois permite-nos aperceber como é uma cidade polaca "normal". Com um centro da cidade razoavelmente bem cuidado mas em obras, uma estação de comboios medonha, e uma praça central horripilante pela má convivência entre prédios do início do século XX e coisas dos anos 80 com lojas (à la Martim Moniz), visualmente parece pouco apelativa no primeiro contacto. Mas vale a pena insistir.

Em Katowice existe um parque da dimensão do Monsanto (ou maior) feito na segunda metade do século XX. Devo dizer que se não fosse pelas vistas que o Monsanto tem sobre Lisboa, diria que este parque mete o nosso no sapato. Zoo, parque de diversões, estádio de futebol, planetário, lagos, floresta, teleféricos, it got it all. Mesmo no Outono quando lá fui, e com um frio do camandro gostei. Em seu redor, a vista que marca a cidade, torres de uns 20 andares. Aliás, abundam pela cidade prédios impessoais de dimensões generosas. Todavia, há espaços verdes entre os mesmos (autarcas de Santo António dos Cavaleiros, Rio de Mouro, Odivelas aprendam).
Como já referi, e para não variar, também por aqui anda tudo em obras, culpa dos fundos europeus que é necessário estoirar...quer dizer, investir. Mais info em http://www.um.katowice.pl/en/


domingo, dezembro 10, 2006

Nem na Polónia tenho sossego no Natal

Serve o presente post somente para informar que à semelhança de Portugal, também na Polónia durante a época natalícia os centros comerciais são poluídos com músicas do George Michael. É que não há pachorra para isto, quer em Portugal, na Polónia ou em Júpiter. Coro infantil de Santo Amaro de Oeiras, por favor apostem na vossa internacionalização, e quem sabe comecem logo pela Polónia.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Cinema na Polónia

Já referi aqui a dificuldade que eu tenho em ver televisão polaca, e por isso mesmo uma das possiveis soluções podia passar por ir ao cinema. E as coisas no cinema melhoram significativamente, pois os filmes têm legendas em polaco, mas mantêm o som original.
Agora por vezes torna-se complicado saber qual o filme que vou ver por duas razões: primeiro não percebo a tradução do título e segundo nem sempre reconheço os nomes dos actores (ver foto).