Veio recentemente um artigo de opinião no Jornal de Negócios em que a dado momento se fala do serviço ao cliente e formas de negociação na Polónia. Abaixo está o excerto:
" Uma empresa que nunca trabalhou com outros mercados, deve
aprender de quem já o fez antes de iniciar o processo de internacionalização.
Um dos primeiros desafios é entender a cultura do país e a forma de fazer
negócios. Por exemplo, os latinos tem uma tendência acentuada para a
negociação, enquanto que os nórdicos preferem pagar por aquilo que procuram.
Entender a cultura do país também é fundamental. No mercado polaco, do qual
tenho experiência, a cultura é obviamente muito diferente da nossa. Não há
formas "simpáticas" de dizer as coisas, nem mesmo quando você é um
cliente que está a pagar por um serviço. Aliás, pode ter esta experiência,
assim que aterra em Varsóvia e apanha um táxi. O taxista que deve servi-lo da
melhor forma, porque você está a pagar pelo seu serviço, pode inclusive
insultá-lo, se não se sentir confortável com o seu cliente. Ali quem manda e
quem tem razão é ele, e não você como cliente, ou seja que a celebre frase de
que o cliente é rei, não existe neste país.
Uma das coisas que pessoalmente aprecio neste tipo de países, é a frontalidade.
Não existem rodeios, nem os famosos "paninhos quentes". Se o seu
cliente está interessado, vai-lhe dizer, e se não está dirá de uma forma tão
bruta que nem vai entender porque é que não lhe deu sequer oportunidade de
negociar. Esta forma de trabalhar, que aliás, é prática comum em país menos
democráticos e mais objectivos, e em especial no processo de
internacionalização, é positiva pois evita perder tempo e em especial dinheiro."
Já aqui e aqui dei o meu bitaite sobre as questões dos rodeios portugueses e do serviço ao cliente na Polónia. Em todo o caso, acho que o exemplo usado dos taxistas para extrapolar que o cliente não é rei na Polónia não é o mais indicado. Porque maus taxistas, há em todo o lado. Qualquer português ou estrangeiro que apanhe um táxi no aeroporto da Portela e diga que quer ir para um sítio mais perto do que Ericeira ou Palmela habilita-se a ouvir todo um vernáculo murmurado (ou mesmo totalmente verbalizado) iniciado com as frases clássicas: "fod*-se, 3h à espera de serviço e calha-me isto. Não tenho sorte nenhuma.".
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