" Temperaturas a rondar os dez graus, céu cinzento, chuva
arreliadora. É difícil acreditar no que anuncia o calendário: o verão está a
chegar à Polónia.
Tudo o que rodeia a Seleção Nacional no Euro2012 é
diametralmente oposto à histeria patriótica do Euro2004, do Mundial2006
(Alemanha), do Euro2008 (Suíça) e do Mundial2010 (África do Sul). Há menos portugueses na Polónia do que nos países
supracitados, há um menor apoio popular à Seleção Nacional.
Nuno Bernardes vive há quatro anos e meio em Varsóvia. É
professor de línguas, um profundo estudioso do meio envolvente e explica um
pouco da ligação entre os emigrantes lusos e a Polónia.
O docente considera haver «três grupos de portugueses» no
país co-organizador do Europeu.
«Há os quadros de empresas ( Jerónimo Martins, Mota Engil e
outras ) que vivem num ambiente hermético e não se dão com ninguém», explica ao
Maisfutebol. «Num segundo grupo coloco os que vivem na Polónia como
viveriam em Lisboa. Vêm
por motivos pessoais e integram-se facilmente», refere Nuno Bernardes. O terceiro segmento é, porventura, o mais instável. «São os
estudantes integrados no Programa Erasmus. Querem miúdas, copos e diversão.
Habitam um núcleo muito específico, praticamente limitado aos outros
estudantes».
Ora, após uma rápida pesquisa, o Maisfutebol descobriu duas coisas
interessantes: primeiro, 30 desses estudantes passaram o ano a conquistar a
cidade de um temível avançado alemão, adversário de Portugal no sábado;
segundo, é mesmo verdade que adoram copos e miúdas.
Olha-se para a lista de convocados da Alemanha e facilmente
se constata que Lucas Podolski e Miroslav Klose são naturais da Polónia. O
primeiro nasceu em Gliwice, o segundo em Opole. Pois bem, é precisamente em Opole, uma
cidade de 100 mil habitantes no sul, que há uma comunidade muito interessante
de portugueses. Tiago Carvalho está a fazer o mestrado em Desporto e passou
o ano letivo nas imediações da casa dos Klose, em Opole. Miroslav já
lá não vive, é certo, embora mantenha uma forte ligação à cidade onde nasceu.
«No meu ano estavam à volta de 30 portugueses em Opole. Vivíamos
quase todos numa residência universitária chamada Sokrates». Sokrates, faz
sentido. «Quando chegámos, soubemos que o Klose é uma das pessoas
famosas nascidas na cidade. O Europeu estava a chegar e falava-se muito de
futebol», acrescenta o estudante português. «Na altura senti que havia grandes atrasos na construção de
aeroportos e auto-estradas. Nos noticiários era evidente a preocupação
relativamente a essa situação».
Nove meses na Polónia permitiram a Tiago Carvalho traçar um
perfil fiel dos jovens polacos. «Adoram futebol. Num jogo da III divisão as
bancadas estavam repletas. Vi um ambiente de doidos», recorda, em conversa com
o nosso jornal. Quando se falava de Portugal, os jovens polacos perguntavam
de imediato por «Cristiano Ronaldo e Figo». «Certo dia, curiosamente, estávamos
a falar sobre os clubes portugueses e um colega polaco perguntou pelo Boavista.
Conheciam os três grandes e o Sp. Braga também». Sem serem especialmente simpáticos, os polacos tinham uma
boa relação com os 30 portugueses que andaram «um ano a conquistar Opole», da
maneira «mais pacífica» que possam imaginar.
As cruzadas portuguesas visaram especificamente alguns
locais da pequena cidade. «Warka (restaurante), Aquario (bar), Solaris
(shopping), Ali Baba (pizzaria) e duas discotecas: Big Ben e Cina Club».
Já agora, e Klose? Bem, com Mario Gomez em grande forma, o
mais provável é que comece o jogo frente a Portugal no banco de suplentes. E nada lhe saberá pior do que mais uma derrota às mãos dos lusitanos.
Depois do grupo de 30 estudantes de Erasmus, a seleção de Paulo Bento."
Fonte: www.maisfutebol.iol.pt
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