Alexandre Soares dos Santos, Presidente do Conselho de Administração da Jerónimo Martins, falou no programa "Plano Inclinado" da SIC durante uns minutos sobre a Polónia. Deixo aqui algumas notas soltas do que ele disse:
- "Na Polónia existe uma justiça a funcionar, uma estabilidade do sistema fiscal e a legislação laboral é melhor (comparando com a portuguesa)".
- "Há muita mão de obra disponível, a percentagem de desemprego é elevada, na volta de 18%,
O que existe é uma mão de obra muito boa, bem preparada. É não só o ensino secundário mas a especialização (na escola). E uma vontade enorme de aprender. …. Porque o polaco trabalha para entrar na Universidade. Aquilo que nós notamos na Polónia é que os jovens vindos das universidades têm muito mais experiência de vida do que os jovens portugueses saidos das universidades. Porque viajaram muito…trabalhando. Não é que a nossa massa cinzenta seja pior, pelo contrário. Tem uma capacidade de adaptação brutal."
O que existe é uma mão de obra muito boa, bem preparada. É não só o ensino secundário mas a especialização (na escola). E uma vontade enorme de aprender. …. Porque o polaco trabalha para entrar na Universidade. Aquilo que nós notamos na Polónia é que os jovens vindos das universidades têm muito mais experiência de vida do que os jovens portugueses saidos das universidades. Porque viajaram muito…trabalhando. Não é que a nossa massa cinzenta seja pior, pelo contrário. Tem uma capacidade de adaptação brutal."
Face a isto, um dos autores do programa - Medina Carreira - conclui que "talvez os nossos candidatos a governantes devessem passar um semestre na Polónia: com tribunais a funcionar, um sistema fiscal estável, mão de obra preparada pela escola".
Como é típico do português, a galinha do vizinho é sempre melhor que a nossa, pelo que o entusiasmo do Medina Carreira deve ser contido. Sobre a justiça polaca, como nunca tive de ir a um tribunal polaco, até posso acreditar que possa ser melhor que a portuguesa, mas pela maneira como funcionam os processos de licenciamento onde também abunda a corrupção e amiúde total ausência de prazos, tenho as minhas dúvidas sobre quão melhor seja a justiça. Sobre o sistema fiscal concordo que há muito mais apoio e interesse do governo polaco em atrair investimento. Na legislação laboral, poucos países NO MUNDO são mais rígidos/comunas que o português.
Na parte da mão de obra é que tenho mais renitência em concordar com tudo o que foi dito. Para começar, a taxa de desemprego na Polónia não é nada 18%. Já foi. Actualmente anda na casa dos 11%, e provavelmente no final deste ano a portuguesa será superior à polaca. Depois, só por brincadeira (ou engraxanço) se pode dizer que a escola polaca, na generalidade, prepara bem os alunos. O que eu assisti, na maior parte dos casos, foram alunos que tinham só de empinar, empinar tudo aquilo que o professor queria, não havendo muito espaço a raciocínio crítico. Por exemplo, são bem públicas as críticas ao exame final do secundário (chamado Matura) onde dois escritores e/ou jornalistas consagrados fizeram o teste, e um deles chumbava e o outro tirava uma nota miserável na parte de polaco (escrita e interpretação), tudo porque não respeitavam os critérios/regras. E daí surge que a capacidade de adaptação de um polaco "normal" não é nada por aí além. O que ele diz, e isso sim, faz muita diferença, é o facto de muitos estudantes universitários trabalharem durante as férias (no estrangeiro). Isso é que é o ponto forte dos estudantes polacos que demonstra a sua ambição, não o sistema de ensino, que pela amostra das pessoas com as quais trabalhei, é tão ou mais fraco que o português.
Ps: Devo fazer aqui uma declaração de interesses. No último semestre de faculdade, estive no recrutamento de jovens talentos para a Jerónimo Martins, cheguei à última fase que incluiu entrevistas e almoço com administradores (Luis Palha incluido), e sem dúvida que foi o melhor processo de recrutamento onde já participei, pelo que afianço a aposta que a empresa faz nos jovens. Tivesse eu estado mais motivado naquele dia e não achado tão estranho que estivesse a "concorrer" directamente com malta de Engenharia Alimentar/Agrónoma (eu sou de Economia) para uma área operacional, se calhar tinha ido para a Polónia dois anos mais cedo do que fui.....ou não.
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