quinta-feira, março 29, 2007

História da Polónia às três pancadas - V

Ficou por dizer que foi durante o reinado de Kazimierz o Grande que foram implementadas leis que protegiam os judeus das perseguições de que estes eram alvo já durante o século XIV. Por isso, a partir desta lei de 1346 houve uma significativa entrada de judeus, que só testemunha a abertura política/social que a Polónia tinha naqueles tempos.
Depois da morte deste rei, e depois de alguns acontecimentos que não me apetece (tentar) explicar, houve uma rainha polaca que casou com o Grande Duque da Lituânia, e como não teve filhos e morreu cedo, foi com este duque - Władysław Jagiełło - que se iniciou a maior aliança na história da Polónia, assim como uma nova dinastia (Jagiellonians em inglês). Esta aliança durou 187 anos. E há cerca de 500 anos atrás, a Lituânia era bem, bem maior do que é agora, estendendo-se por exemplo até ao Mar Negro incluindo grande parte dos territórios da actual Ucrânia. A Polónia e a Lituânia tiveram portanto poder por estas alturas.

quarta-feira, março 28, 2007

E assim acontece em Cracóvia

Cracóvia é uma cidade com uma actividade cultural bastante intensa. Todavia, até ao momento este escriba tem priveligiado outras actividades fora do seu horário de trabalho, que pela falta de interesse nem serão mencionadas. Deixo somente uma pista: os teatros não fecham às 6 da manhã.
E se alguns podem alegar falta de conhecimento do que se passa, eu não. Num rasgo de alguma inteligência, decidi perguntar se havia na net algum site com os eventos culturais em Cracóvia. Até agora o melhor site que achei foi este: www.karnet.krakow.pl. E o dito até tem muitos conteúdos em inglês, portanto mais uma desculpa que não posso usar.
Serve o presente post portanto para deixar este link a quem esteja/visite/pretenda visitar/seja-curioso-sobre-o-que-se-passa-a-milhares-de-km-de-distância em Cracóvia, na esperança que usufruam do mesmo melhor que eu. Mas também não me posso considerar surpreso pela minha atitude aqui na Polónia. Já em Portugal era no que às artes diz respeito, um....como dizer...bronco. Sim, é isso.

segunda-feira, março 26, 2007

Desportos da malta - Saltos de Ski

Era eu catraio, e muitas vezes subi umas escadas e do topo mandei o meu corpo para baixo, deslizando por uma rampa, aterrando segundos depois no chão. Chamava-se a isto andar de escorrega. Os saltos de ski, para mim, pouco mais são do que um escorrega para adultos em que são necessários skis.
Todavia, aqui na Polónia, este é um desporto extremamente popular. Milhares de pessoas são capazes de ir para as montanhas para ver uns bacanos a descerem uma rampa, seguindo-se planagem durante alguns segundos numa posição meio esquisita e uma aterragem passados uns 100 metros. Qual a piada disto? Se calhar nao é muita, mas quando têm um desportista como o Adam Małysz que basicamente farta-se de ganhar competições, claro que o povão gosta. Já agora, cá para mim, o segredo do sucesso do senhor nos saltos, está no bigodinho. Não sei muito de física, mas aquilo deve funcionar como um apêndice aerodinâmico para dar estabilidade durante o salto. E a verdade é que ele ganha.

sábado, março 24, 2007

Centros Comerciais

Já por aqui referi o mercado dos centros comerciais na Polónia. E também julgo já ter dito que é um mercado em franco crescimento. Há cerca de uns quatro meses abriu em Cracóvia finalmente um centro comercial ao qual nós estamos habituados pela sua dimensão (tem 270 lojas por três pisos, e a titulo de comparação o Almada Forum tem 260), e com quase todas as marcas que há em Portugal (Zara, H&M, C&A, Pull & Bear por exemplo). Regra geral, os preços destas lojas são os mesmos ou mais caros do que em Portugal, pois por exemplo na Polónia a Zara tem um posicionamento mais elevado. Isso pode também explicar o facto de que vejo menos pessoas no centro comercial, e também andam com menos sacos na mão.
Nos centros comerciais em já estive, noto algumas diferenças em relação a Portugal. Os supermercados-âncora são mais pequenos, as dimensões das lojas também o são e o mais óbvio mesmo é a área de restauração. Por exemplo, em centros comerciais do tamanho de um Vasco da Gama, podem existir menos de 10 sítios para almoçar/jantar. Especificamente no caso do Galeria Krakowska, há algumas particularidades: não existe estacionamento subterrâneo (ao invés é ao lado e no topo do edifício; por causa disso o supermercado fica no último piso!; e a área central de restaurantes (10 +-) fica exactamente no meio do último piso (num ponto de passagem) existindo ainda alguns restaurantes no rés-do-chão (pelo que qualquer dia estou numa loja de roupa e ainda pode-me cheirar a grelhados).
Como a localização é excelente, ao lado da estação central e a 5min a pé da praça central e a 10min de minha casa, é fácil ceder à tentação de ir lá muitas vezes. Felizmente, já conheço alguns centros comerciais, pelo que não vou lá mais do que 2 ou 3 vezes por semana. 4 às vezes, pronto.http://www.galeria-krakowska.pl/index2.php

quinta-feira, março 22, 2007

Idiomas estrangeiros

Ainda sobre o tópico dos idiomas, é incrível a quantidade de anúncios que eu vejo por Cracóvia acerca de escolas de línguas. Naturalmente que as que têm mais saida são as de Inglês e Alemão. Se bem que o Espanhol também me parece bem popular, e se não estou erro, mais apreciado que o Italiano e Francês. Mesmo escolas com Polaco para estrangeiros já existem algumas, o que é sintomático da dinâmica que esta cidade tem, sendo eu um cliente dessas escolas.
Esta aposta nas línguas pode ter para mim várias explicações. A principal é a de que a vontade de emigrar é enorme, e dá jeito saber já algo da língua do país de destino antes de emigrar. Outra tem a ver com o turismo, em força por esta cidade, e nunca se perde nada em saber umas quantas línguas. E uma área que está em cada vez maior crescimento são os centros de serviços partilhados de empresas multinacionais, que deslocalizam para a Polónia, República Checa ou Hungria por exemplo, parte das suas estruturas (contabilidade, recursos humanos, sistemas de informação, etc) para de uma forma centralizada servirem vários paises da Europa. Como estes danados têm uma língua difícil à brava, cheia de sons esquisitos, aprender qualquer uma das línguas acima mencionadas é como roubar um doce a uma criança.

quarta-feira, março 21, 2007

À vontade

Que não param nas passadeiras e que não respeitam filas já foi referido. Que demasiadas vezes como cliente sou tratado como se tivesse a fazer um favor a quem me está a atender, que pergunte quanto custa uma bebida e a pessoa me diz siedem (7) mas depois corrige para nine (9) quando percebe que sou estrangeiro são coisas que já me aconteceram, chateiam, mas fazem parte da experiência cultural.
Todavia, já por várias vezes, e espero não me estar a enganar nesta análise, verifico que regra geral (excluindo os meliantes), o respeito pela propriedade alheia é mantido. Exemplos: 1-Telemóvel deixado numa discoteca algures num banco, e passado 30 de ter saido de lá, e voltado atrás, o dito ainda se encontra no mesmo sitio. 2 - cachecol que cai na rua, não me apercebo, e vem uma senhora a correr e dá-me o mesmo. 3 - mochila pendurada num banco numa esplanada, fui esquiar durante 2horas e só depois me lembrei que me faltava algo, e fui a café dessa esplanada e lá uma senhora me deu a mochila (depois de olhar para o meu passaporte...que estava dentro da mochila). Conclusão: Eles sabem o que custa a vida, e respeitam aquilo que os outros têm.
Ps: Estes exemplos não aconteceram comigo, mas sim com amigos, porque de facto não me aconteceram a mim, não. Mesmo.
Ps2: Quem desatar a fazer experiências sociológicas para tentar comprovar isto e depois ficar sem os bens, não me meta ao barulho com as responsabilidades.

terça-feira, março 20, 2007

Viagens na terra de outros - Zakopane









Em vários aspectos, Zakopane lembra-me Portugal. E começa logo pelo caminho de autocarro até lá, em que os troços de auto-estrada têm curvas a cada 200m, o que não ajuda a que a viagem de 105 km a partir de Cracóvia demore menos de 2h. E chegados lá temos a mesma calma e sossego nas ruas principais que existe em Albufeira durante o Agosto, os cheiros equinos que dominam a feira da Golegã e queijos, muitos muitos queijos como na Serra da Estrela.
Basicamente, Zakopane é a maior cidade de montanha da Polónia, situando-se a sul de Cracóvia, numas montanhas chamadas Tatras. No Inverno, o ski toma conta da cidade, e assim que o tempo começa a melhorar, a cidade funciona como base para os caminhantes polacos se aventurarem pelos caminhos de montanha de mochila às costas.
Em termos de alojamento e de restaurantes, é uma cidade que não apresenta problemas neste campo. Mas verdade seja dita, foi aqui que já tive dos melhores atendimentos da vida (o staff do hostel - www.starapolana.pl onde fiquei uma vez, simplesmente inacreditável) mas também dos piores (não interessa onde).

Relativamente a ski, não é propriamente barato para os standards polacos. O problema não é o custo do aluguer do material (25pln dia todo), mas sim o custo dos telefericos/"saca-rabos" pois cada hora de subidas pode ficar em 20pln (20*3 = demasiado dinheiro), e uma hora de aulas custa 60pln. Mas enfim, também é o sítio mais turístico. Pistas, há bastantes. Dado o meu nível, que neste momento pode ser apelidado como tosco, fiquei-me pelas iniciantes.










sexta-feira, março 16, 2007

Desportos da malta - Futebol

Ainda permanecem na minha memória dolorosas recordações de um jogo entre a Polónia e a 4ª melhor equipa do mundo, e foi uma surpresa ver como eles humilharam o adversário. Isto porque os anos de glória do futebol polaco já lá vão há algum tempo, mais concretamente durante a década de 70. Em 1974 e em 1982 conseguiram o terceiro lugar no campeonato do mundo. Mas mesmo após esta travessia do deserto, o futebol ainda é o desporto mais popular por estas bandas.
No entanto, no que se refere ao campeonato nacional, julgo que aqui não existe tanto acompanhamento doentio como em Portugal. O facto do nível do futebol ser baixo e a violência entre claques ser altita também não puxa muitas pessoas para os estádios. Equipas mais conhecidas dos últimos anos são o Wisła Kraków (cujo equipamento tem umas cores bem giras) e o Legia Warszawa. Quer dizer, conhecidas mas não muito na Europa, pois nunca vão muito longe nas competições da UEFA.
Na foto acima, dois artistas da bola no mundial 1974.

quarta-feira, março 14, 2007

História da Polónia às três pancadas - IV

Como já referi o século XIII foi caracterizado pelo surgimento dos Cavaleiros Teutónicos no território polaco, mas não só. Em meados desse século os polacos tiveram também a oportunidade de serem contemplados com uma invasãozita Mongol-Tártara. Uma palavra que define o impacto disto é, é...devastação. Mas também, para leste da Polónia, nenhuma região (territórios que agora são Ucrânia, Bielorrússia, Rússia,...) se ficava a rir disto. E ao longo dos séculos seguintes, volta na volta, lá esses bacanos voltavam a atacar a Polónia.
Em 1333 chega ao poder o último rei da Dinastia dos Piast, Kazimierz o Grande. E cognomes destes não surgem por dá cá aquela palha. Basicamente o homem conseguiu por ordem na casa (Polónia), pois voltou a existir um poder centralizado, acabando/diminuindo as rivalidades das regiões que só enfraqueciam o país. Certo que durante o seu reinado teve de mandar para os abrunhos a Silesia e a Pomerânia (territórios mais ocidentais), mas conseguiu expandir o seu território mais para Leste (onde já agora, a religião não era a Católica). A Polónia tornou-se não só maior, como mais cosmopolita.
Tal como diria o Carlos Cruz, e ainda: construiu uma catrefada de castelos; codificou a Lei Polaca; desatou a fazer edifícios giros em Cracóvia (a capital) havendo inclusive hoje em dia um dos bairros mais importantes em Cracóvia que é o Kazimierz; fundou a Academia Cracoviana que mais tarde teria o nome de Universidade Jagiellonian, and soione and soione... Nós portugueses também tivemos reis deste calibre. Mas tal como na Polónia, não foram foi muitos.

terça-feira, março 13, 2007

Lixiu

Cidade turística que é, Cracóvia padece do problema de lixo na rua. Mas verdade seja dita, que não me parece que os polacos também tenham um grande nível cívico neste campo. O que me vale é que para um português nem se estranha muito, funcionando quiçá como uma maneira de se sentir em casa. No entanto, e não sei se é só por reparar mais nalguns detalhes, apercebo-me que há mais pessoas a varrer/limpar a frente dos seus prédios (mesmo não tendo lojas) do que em Portugal. Mea culpa, mas ainda não cumpri se calhar a minha parte no que diz respeito ao meu prédio. Ups.
Ainda neste interessantíssimo tópico, espaço para a recolha do lixo doméstico. Por exemplo, em Lisboa ou na minha terrinha os caixotes do lixo são postos ou estão na rua todos os dias para a recolha durante a madrugada. No Porto, há uma abordagem mais paupérrima da coisa, pois não há caixotes, mas sim só sacos de lixo ao monte. Pelo menos no centro de Cracóvia, as coisas funcionam de maneira mais confortável: cada prédio tem no seu pátio ou interior uns quantos caixotes do lixo, e a recolha ocorre só uma ou duas vezes por semana. E quase sempre há um dia em que tenho o prazer de acordar com o distinto som de um camião a triturar lixo às 7 da matina, pois pelos vistos, aqui não se recolhe lixo durante toda a noite. Falta-me é saber como é que os senhores dos serviços de limpeza entram nos prédios para ir buscar os caixotes. Será que têm um molho de chaves de entrada dos prédios de vários quarteirões por onde fazem o seu percurso? Se sim, isto ainda deve ser coisa para pesar um pouco e dar cabo das costas a um tipo.

segunda-feira, março 12, 2007

Cuidadinho com a paparoca

Há uns meses falou-se nos meios internacionais do embargo da Rússia à importação de carne da Polónia. Nesse momento, abstive-me de comentar. Mas dados acontecimentos recentes e os antecedentes, vejo-me obrigado a dizer que provavelmente os russos são capazes de ter (pelo menos) uma ponta de razão. Por várias vezes, e em diferentes supermercados já encontrei carne embalada e supostamente dentro do prazo de validade, com maiores ou menores manchas verdes. Não sendo propriamente licenciado em engenharia alimentar, desconfio que isso signifique que a carne está estragada. E vezes houve em que só reparei nisso em casa.
Num acto de partilha, resolvi perguntar a alguns nativos se esta situação era normal e a resposta de vários foi: "O quê? Comprar carne embalada no supermercado? És doido? Não deves fazer isso. Essa carne não presta". Portanto, das duas uma: ou não vi o anúncio à saida do aeroporto a dizer: "caro turista, não compre comida no supermercado"; ou então o anúncio não existe, mas devia! Se a Polónia é um país com uma forte componente agrícola e pecuária, não tem um clima quente, quão complicado será garantir condições de sanidade e de temperatura dos alimentos? E se no próprio país eu vejo isto, como será com as exportações?
Nota: Na génese da motivação para este post não é despicienda a intoxicação alimentar que me lixou (com F) o fim de semana, devido a, e passe a repetição, carne estragada.

quinta-feira, março 08, 2007

Polónia à noite

She was more like a beauty queen from a movie scene / I said dont mind, but what do you mean I am the one / Who will dance on the floor in the round / She said I am the one who will dance on the floor in the round
Este é o início da música que eu ouço mais desde que estou na Polónia. Tudo bem, é uma versão remisturada, mas também não é assim tão diferente da original, e que sinceramente já julgava morta e enterrada. Claro está, que à semelhança da tendência mundial, na maior parte dos sítios, o Hip-Hop e o R&B lançam cartas. E a malta parece gostar bastante. Eu, não!
Aliás, em Cracóvia o meu sítio favorito para ouvir música não é um clube/discoteca, mas sim um bar. Já em Varsóvia, a conversa é diferente, pois existem de facto bons clubes, com boa música que não versa sobre assuntos de bling & bitches, e mais importante: RECENTE. Mas isto da noite na Polónia tem muito que se diga, pelo que este tópico será abordado mais vezes.
Ps: A letra do início do texto é a de Billy Jean - Michael Jackson (1983)!.

quarta-feira, março 07, 2007

Português

Cingindo-me apenas à realidade que conheço, em Cracóvia existe um curso universitário de língua portuguesa, assim como três escolas nas quais é possível aprender português. Não está nada mal. E naturalmente que para pessoas que têm de aprender uma língua como a polaca em criança, o português apesar de difícil, não constitui nada de impossível. E depois há os sotaques: polaco puro e simples, portunhol, afrancesado, a-le-mão, entre outros. Muito engraçado de ouvir.
Mas para não variar, cheira-me que o Estado Português não faz o suficiente para promover a nossa língua. Só a título de exemplo, o Instituto Cervantes fica em Cracóvia em pleno centro histórico (a meio caminho entre a praça central e o castelo). O Instituto Camões em Cracóvia fica em...desconheço. Mas mesmo assim, e pelo que consultei, é possível aprender português em Varsóvia, Poznan e Lublin o que já é alguma coisa.

terça-feira, março 06, 2007

Passo a passo

Não sou nem pouco mais ou menos uma pessoa que goste de andar devagar, mas devo reconhecer que na Polónia vejo a juventude a caminhar na rua a uma velocidade alucinante. Concentrando-me apenas no que é relevante, é curioso ver como as polacas aproveitam as suas pernocas e uns glúteos em forma para em escassos momentos se eclipsarem do meu campo de visão. Mais, andam depressa mas de forma graciosa.
A explicação mais básica para isto é: faz frio, então as pessoas têm de andar mais depressa. Mas isto do tempo não explica muito, pois se no Alentejo faz calor e as pessoas andam mais devagar, duvido que na Etiópia faça menos, e os tipos correm que se fartam. Portanto, preciso mesmo de perceber porque é que elas andam tão depressa. Ou então, para quê ver isto como um problema?

segunda-feira, março 05, 2007

As escolhas do professor VI

Em Agosto de 1980 ocorreu nos estaleiros de Gdańsk uma manifestação de trabalhadores que viria a ser marcante para a Polónia. O que este escriba sabia (ou pensava) disto é que foi a partir daí que surgiu um partido chamado Solidariedade (em polaco Solidarność) e cujo líder foi um electricista de bigode farfalhudo que mais tarde foi presidente do país. Pobre, conhecimento manifestamente pobre.
Basicamente este livro é a visão de um historiador/jornalista estrangeiro que assistiu in loco aos desenvolvimentos desde Agosto de 1980 a Dezembro de 1981. A greve nos estaleiros de Gdańsk que durou 16 dias, e que foi o motor dos protestos que se alargaram a todo o país; as reinvindicações de uma maior (ou seria alguma) liberdade de expressão, sindicatos de trabalhadores livres, e mesmo aquelas mais específicas relativas à escassez de comida; e o registo da Solidarność como uma União Nacional Sindical Independente e Auto-Governativa (que no seu auge teve 12 milhões de membros entre trabalhadores, intelligentsia e intelectuais) são alguns dos acontecimentos cuja análise é feita por ele. Assim como toda a componente de não-violência que esta revolução teve (fruto sem dúvida da enorme influência da Igreja Católica Apostólica Romana na Polónia, exponenciada por um papa polaco a partir de 1978); os avanços e recuos durante o ano de 1981 nas "negociações com o Governo" e a perda de poder desta união; e a sempre presente iminência da invasão soviética ou de forças do Pacto de Varsóvia (como aconteceu na Hungria em 1956 e na Checoslováquia em 1968) face a estes acontecimentos libertinos.
Também é possível saber um pouco mais de personagens históricas como Gierek, Lech Wałęsa, Kania, Kurón, Jaruzelski, Bujak, Wyszyński, entre outros. Siglas como KOR, PZPR, SB ou ZOMO também ficarão na memória. E apesar desta revolução ter sido interrompida com a instauração da Lei Marcial (ou Estado de Guerra) em 13 de Dezembro de 1981 foram 15 meses de esperança de que algo de significativo pudesse mudar neste país. E de facto muito mudou. Pelo menos, muitas pessoas tiveram pela primeira vez uma experiência de vida numa sociedade mais livre.
Mais um livro indispensável, como é óbvio. 18 valores!

sexta-feira, março 02, 2007

História da Polónia às três pancadas - III

Como se pode observar por esta foto (foleira de um mapa de um livro!), o epicentro da evolução da Polónia ocorreu perto de Poznań, tendo a primeira capital sido Gniezno. Mas com a expansão territorial, a chamada Małopolska (pequena Polónia) foi assumindo preponderância, e em meados do século XI tornou-se a capital do reino. Acho que uma das razões para isso é que Cracóvia ficava mais fora de mão para os Checos e Alemães virem meter o bedelho.
Por alturas do século XII, as principais regiões da Polónia eram a Wielkopolska (grande Polónia), Małopolska, Kujawy, Mazovia, Silesia e Pomerania. Mas pelos vistos houve um rei que teve uma ideia de mer.., uhm não tão boa, de a modos que dividir o reino pelos vários filhos. Ideia engraçada provavelmente em termos de igualdade, mas com consequências nefastas para a união de um país ainda em período de formação, originando perda de poder e de organização. Parcialmente em virtude disto, os dinamarqueses afiambraram-se à região da Pomerania (noroeste da Polónia), e os alemães meteram cada vez mais o nariz na Silesia (sudoeste).
E se a situação acima já foi má, pior mesmo foi quando para defender a região da Mazóvia em 1225 se "convidou" uma ordem militar Alemã - Cavaleiros Teutónicos - para ajudar na luta contra a Prússia. De facto, os cavaleiros percebiam da poda. E após terem vencido, gostaram tanto que também decidiram estabelecer-se no litoral norte da Polónia, fazendo ainda uns castelos espectaculares, e a cereja no topo do bolo para estes cavaleiros foi no início do século XIV terem conseguido mesmo ficar com Gdańsk, cujo nome para alemão ficou Danzig. Refira-se que este era, e acho que ainda é, o maior porto da Polónia. Danzig tornou-se um grande centro mercantilista, e a Polónia perdeu a ligação ao mar. Bonito.